sábado, 22 de janeiro de 2011

As Abóboras Smagadas: Parte III

Não me lembro mais qual foi o terceiro álbum dos Smashing Pumpkins que ouvi. Creio que comprei Siamese Dream e Machina no mesmo dia, na Galeria do Rock em Belo Horizonte. Assim sendo, comentarei primeiro sobre o qual menos gostei. Na verdade, não gostei quase nada.

MACHINA: THE MACHINES OF GOD (2000)

A sonoridade de Adore havia me agradado. Porém, ao saber que o álbum seguinte, Machina: The Machines Of God, era uma espécie de volta ao som pesado e recheado de guitarras de outrora, além de Jimmy Chamberlin ter reassumido as baquetas, fiquei bastante empolgado para ouvi-lo. A primeira faixa, The Everlasting Gaze, é uma porrada. O timbre das guitarras é gravíssimo e a empolgação chega aos píncaros. Praticamente não havia nada disso no álbum anterior. Excelente faixa de abertura. Logo em Raindrops + Sunshowers, os elementos eletrônicos ressurgem com força e as guitarras já não têm tanto destaque. A canção é um tanto repetitiva, mas não chega a ser ruim. Stand Inside Your Love é uma balada excelente e seu refrão é um dos meus preferidos até hoje. Mal sabia eu que as (duas) músicas ótimas do álbum já haviam tocado. I Of The Mourning é uma canção um pouco mais alegre. Não apresenta nada demais, mas empolga. A eletrônica The Sacred And Profane me trouxe desgosto imediatamente. Não me lembro de isto ter acontecido anteriormente, nem mesmo ao ouvir a seqüência final de baladas de Mellon Collie. Try, Try, Try melhora um pouco as coisas com seu ritmo mais cadenciado e tema mais esperançoso, mas nada que seja fantástico. As guitarras graves voltam com Heavy Metal Machine, mas não se engane. Não há nada de Heavy Metal nesta canção além de seu riff principal. O grande problema da mesma é que ela não empolga como deveria e não sai do lugar-comum, mesmo sendo uma das melhores de Machina (o que não é tarefa difícil).

This Time é mais uma das inúmeras canções comerciais do trabalho que, ironicamente, foram as responsáveis por salvá-lo. The Imploding Voice traz uma produção porca demais para o meu gosto. A bateria da canção soa horrível, assim como a excessiva distorção das guitarras. Se antes tínhamos várias camadas de guitarras, aqui temos várias camadas de distorção, estragando o belo som que uma dosagem certa poderia prover. É difícil de acreditar como a banda (ou Billy Corgan) tenha optado por produzir a canção desta forma. Glass And The Ghost Children é o épico de Machina. Com 10 minutos de duração, a canção começa muito bem e seu refrão é muito bom. Porém, uma passagem experimental no meio da música faz com que a mesma perca força. Felizmente, sua segunda metade, bem diferente, faz jus à primeira. Boa surpresa no álbum. Wound traz as músicas repetitivas de volta. The Crying Tree Of Mercury é a mais cansativa delas, além de trazer metais repetindo o mesmo trecho durante toda a sua execução. With Every Light é bobinha e em nada acrescenta. Blue Skies Bring Tears também não sai do lugar. A animada Age Of Innocence ao menos consegue encerrar Machina de forma heróica, lembrando um pouco as canções mais inspiradas da primeira metade do álbum.

Machina: The Machines Of God me decepcionou. Muito. Me pergunto o que houve com a inspiração de Billy Corgan neste disco. Provavelmente, o histórico da época o atrapalhou, já que a banda estava cada vez mais desunida e Machina foi, de fato, planejado para ser o álbum final dos Smashing Pumpkins. D’Arcy saiu da banda imediatamente após concluir as gravações de suas linhas de baixo.

SIAMESE DREAM (1993)

Se não tenho a certeza absoluta de ter comprado Siamese Dream e Machina juntos, me lembro exatamente de quando comprei o primeiro em questão. Era uma tarde ensolarada e minha mãe (que estava na cidade a passeio) e eu estávamos caminhando pelo centro e passamos pela Galeria do Rock. Naturalmente, comecei a procurar por CDs dos Smashing Pumpkins. Não demorou muito até me deparar com Siamese Dream, o segundo álbum da banda, e seu baixo preço. Não pensei quatro vezes antes de comprá-lo.

Dá para se imaginar o que aconteceu a seguir: cheguei eufórico em casa e me dirigi ao estéreo do meu quarto. Ao som da faixa inicial, Cherub Rock, quase tive um orgasmo sonoro! Era como se uma mulher maravilhosa estivesse sussurrando sacanagens em meu ouvido. Cherub Rock é uma linda canção pesada e cadenciada com seu ótimo refrão e letra mais do que down. O riff principal da mesma é algo que grudou em minha cabeça naquele exato momento. O solo idem. Talvez seja a minha canção preferida da banda. Acho que não preciso dizer mais nada sobre ela. Quiet mantém a porrada em andamento com suas guitarras maravilhosamente em sintonia e a pegada típica de Chamberlin. Mais um excelente solo é encontrado nesta. Enfim, eu estava começando a crer que Siamese Dream poderia ser tão bom quanto Mellon Collie. Minha crença aumentou ainda mais com Today e sua levada mais calma, embora com algumas passagens mais guitarrísticas e tensas. Bela música para se ouvir em um dia ensolarado e com um caminho a ser trilhado. Temos em Hummer um início um tanto estranho, com loops de efeitos criados, acredito eu, em guitarra. O peso não demora a surgir e logo percebemos que se trata de uma canção mais cuidadosamente construída e cheia de passagens belíssimas em seus 7 minutos de duração. Rocket é uma música mais comum do que as anteriores, mas ainda assim mantém a qualidade – e o peso – do álbum em constância. Disarm deixa as guitarras de lado e se envereda em um maravilhoso instrumental comandado por um violão simples e arranjos orquestrados por um violoncelo. O que posso afirmar relacionado ao seu refrão é que o mesmo é um dos mais belos dos quais estes ouvidos já tiveram o prazer de apreciar. Notas e palavras nunca soaram tão belas juntas. Soma foi uma música que me pegou de surpresa quando a ouvi pela primeira vez. Sua primeira metade trazia uma balada bastante calma, com as guitarras apenas dando o clima necessário. Quando menos eu esperava, a canção se transformou em peso, e não era pouco. Tive um choque, no bom sentido, e lembrei-me de algumas baladas de Mellon Collie ao ouvir esta parte de Soma. A mesma apresenta outro solo excelente.

Geek U.S.A. e seu som pesado marcado por riffs certeiros garante outra porrada de qualidade em Siamese Dream. Uma passagem mais calma durante a música abre caminho para um solo visceral e um peso ainda maior, culminando ainda em uma passagem totalmente Heavy Metal em seu ato final. Como contraste, o que se segue é uma magnífica balada – pesada, diga-se passagem. Mayonaise já começa linda com um diálogo entre guitarras antes que as mesmas se transformassem em armas sonoras carregadas de pura raiva e sofrimento. Corgan e Iha haviam escrito sua melhor composição conjunta. Não há como negar que os Smashing Pumpkins eram mestres em criar baladas carregadas de sentimento, tanto lírica quanto musicalmente, e Corgan as interpretava com realismo. Mayonaise é simplesmente maravilhosa, além de ser outra de minhas preferidas da banda. Spaceboy é mais uma balada que se segue, porém mais delicada e ao vilão (como Disarm). Outra ótima faixa. O único porém de Siamese Dream encontra-se na longa Silverfuck. A música começa muito bem e mantém uma boa empolgação durante seus três minutos iniciais. Após isso, o que se segue é uma passagem calma e cansativa que consome quase metade da faixa, que seria muito melhor se fosse mais curta e direta. Ainda assim, Silverfuck é uma boa canção e não se destoa do resto do trabalho. Sweet Sweet traz belos momentos sonoros em apenas pouco mais de um minuto e meio, abrindo caminho para a igualmente bela Luna, balada que encerra Siamese Dream calmamente, contrastando com o peso encontrado comumente durante quase todo o álbum.

No fim, concluí que estava certo: Siamese Dream era tão bom quanto Mellon Collie. Poucas foram as vezes nas quais eu havia ficado tão satisfeito em comprar um CD que não conhecia anteriormente.

2 comentários:

  1. Oi...
    "Ao som da faixa inicial, Cherub Rock, quase tive um orgasmo sonoro! Era como se uma mulher maravilhosa estivesse sussurrando sacanagens em meu ouvido"
    rsrsrsrsr!!Continuo afirmando q vc é incrível em suas colocações...
    Assim como o outro, este é mais um belíssimo post!!
    Abraço...Cida

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  2. Peso, melancolia, riffs, composição... Smashing consegue o conjunto harmonico em (quase) todas as suas canções. Apesar de algumas músicas 'bobinhas', cansativas e/ou repetitivas... com toda sua grande maioria, tudo parece estar em sintonia.

    "Era como se uma mulher maravilhosa estivesse sussurrando sacanagens em meu ouvido."

    ???


    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.... agora eu ri ^^

    >>>tarado xD

    ps: Essa sim é uma das banda das quais tive o prazeeeeerrrrr d conhecer ^^

    ;*

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