domingo, 24 de julho de 2011

Vicky: Part One

Eu tinha que passar por aqui e expressar o quão feliz estou. Minha filha chegou ontem de viagem. Antes disso, eu estava extremamente nervoso. Eu não imaginava como ela estaria comigo ao me ver após mais de 6 meses fisicamente afastados. Esta seria a primeira vez em que eu passaria um tempo com ela sem a presença de sua mãe. Estava duvidoso quanto ao conforto dela estando apenas comigo. Felizmente, toda a minha preocupação foi em vão.

Ela demorou a chegar. Estava viajando de carro com minha mãe e avó. Chegaram apenas às 23:00. A esta altura, eu já estava deitado na cama ouvindo um Pink Floyd para aliviar a ansiedade. Quando finalmente chegaram, Vicky veio correndo em minha direção e pulou em meu colo com uma cara de felicidade enorme ao me ver. Todo o nervosismo desapareceu naquele momento. Eu passei a ter a absoluta certeza de que o tempo que passaremos juntos será mais do que ótimo e que diminuirá o sentimento de solidão que anda me consumindo ultimamente.

Passamos o dia juntos. É tão bom poder cuidar dela sem ter que depender da ajuda de ninguém para tal. Dar-lhe banho, levá-la para sair, conversar, colocá-la na cama pra dormir. Tudo isto me fez sentir o melhor dos pais pela primeira vez. Hoje ouvi de um amigo que eu nunca fui tão pai quanto estou sendo agora.

Ainda passaremos alguns dias juntos e espero que cada um deles fortaleça ainda mais nossos laços. Eu precisava tanto vê-la que, ao acontecer, percebi que o que realmente preciso é mantê-la mais próxima a mim. Definitivamente não há expressão mais amável e verdadeira do que a de alguém que ajudamos a existir.

sábado, 9 de julho de 2011

Profundeza/A Arte da Insônia

Vejo sua sombra e um olhar doentio
Em um precipício descansa o monstro
Estava inquieto, buscando a carne
Cortando cada pedaço de um corpo vazio
A onda veio e levou tudo consigo
Mas este sentimento teima em continuar
É como uma maldição, meu pior pesadelo
Um gosto de sangue ao acordar
O monstro não quer morrer.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A Injeção

Alguém aí sabe qual é a cura para a preguiça ou se existe uma vacina para intensificar a força de vontade? Eu me pergunto sobre aonde já poderia ter chegado em minha vida caso eu fosse mais perseverante e não tivesse vivido em tantos lugares diferentes.

Ser um nômade tem suas vantagens. O conhecimento acumulado sobre pessoas, culturas e locais distintos criou uma bagagem que levarei comigo para sempre. Tudo contribuiu para uma experiência de vida única. Por outro lado, eu poderia estar melhor, profissionalmente falando. Gosto do meu emprego atual (e isso é raro), mas ele não condiz com o que almejo como profissão definitiva. Ser professor é algo fascinante, mas não nasci para isso.

Vejo por aí muitas pessoas talentosas – algumas delas mais velhas do que eu – que ainda não encontraram um rumo ou não deram o primeiro passo, e me pergunto o porquê disso. Não há ambição, querem apenas curtir o momento. Elas até têm razão em alguns aspectos. Afinal, é melhor não ter nada e ter tudo do que ter tudo e não ter nada. Porém, se a ambição existe, são conformistas – infelizes pela vida improdutiva que levam, mas que não fazem nada para mudar a situação.

Normalmente, estas pessoas jamais saíram de suas cidades natais. Então eu reflito mais uma vez. Talvez não haja diferença entre ser um nômade e alguém que tenha raízes fincadas no chão. O que importa é quão disposta a pessoa é a atingir seus objetivos mais extraordinários. Eu tenho tais objetivos, e busco saber sobre o que precisa ser feito para que eu chegue aonde quero.

E será que eu tenho o necessário para chegar aonde quero? Claro que sim! Sempre fui um sujeito pertencente à criação, embora tenha maus momentos assim como todo mundo. Mas cadê a minha injeção de ânimo? Preciso dela de tempos em tempos, quando sinto que ele está perdendo forças. Neste caso específico, atribuo o motivo ao péssimo semestre que tive na faculdade. Ainda assim, acredito que o próximo será melhor (acho que não tem como piorar).

Passei dois dias em Goiânia no último feriado. Nem preciso comentar o quanto me sinto bem por escapar da rotina da cidade em que vivo, não importando qual ela seja. A tendência é que eu me canse fácil e rapidamente de todos os lugares, mas, pela primeira vez, estou gostando de estar de volta à Brasília (talvez pela décima vez ou mais), o lugar mais próximo de um lar que já tive. Apenas não sei dizer se continuarei aqui após o fim de 2013, quando pretendo concluir minha Pós-Graduação. O legal de se trabalhar com Cinema é que ele pode – e deve – ser feito em qualquer canto do mundo, e nada é mais justo ao meu estilo de vida.

Enfim, eu tento não me preocupar com isso agora. Um passo de cada vez é o suficiente caso não se queira tropeçar, e já tropecei o suficiente para aprender como se faz, mas ainda preciso aprender a ser mais forte do que a preguiça que me impede de fazer até mesmo as coisas que amo. Acho que preciso de alguém ao meu lado para puxar minha orelha sempre que for preciso, pois sou muito melhor e mais produtivo quando estou sob pressão. Até lá, sigo questionando sobre aonde minha injeção possa estar.