segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vazio

O que pode ser feito quando algo que gerava um grande prazer não anda satisfazendo? E não estou falando em sexo...

Sim, escrever não me faz bem há algum tempo. Perdi aquela sensação de “alma lavada” e o orgulho que eu sentia ao terminar de escrever um texto.

Preciso de novas aventuras e fontes de inspiração e, quem sabe, recuperar o fôlego que tive ao criar este blog, que atingiu a marca de 2000 visitas recentemente e que, como bem sabem, eu acreditava que jamais chegaria à metade disso.

Isto não significa que irei desaparecer. Apenas que, por enquanto, as atualizações continuarão escassas, como anda ocorrendo nos últimos meses.

Ainda há tanto o que expressar, mas não apenas com palavras. Está na hora de levar minhas duas verdadeiras paixões mais a sério.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nômade

Ainda me lembro da última vez
Estávamos deitados juntos
Contemplando aquele exato momento
Perturbando os vizinhos ao lado

Sua pele estava tão macia, tão suave
Seu olhar me dizia exatamente o que eu queria saber
Os sussurros de sua boca me enlouqueciam
Traziam à tona o animal em mim

A escuridão entre quatro paredes
A música vinda do estéreo
Aliada ao som da chuva e seu corpo quente
Não havia como imaginar algo possivelmente melhor

O clímax, o suor, o cansaço, as juras
A canção final já havia tocado
A chuva havia cessado
As luzes se acenderam e seu corpo esfriou

Era chegada a hora de sua partida
Você não queria dizer “adeus”
Ao sair pela porta dos fundos, realmente não o disse
Mas foi embora sem olhar para trás.

domingo, 3 de abril de 2011

Stone Temple Pilots: No. 4

A primeira vez em que ouvi os Stone Temple Pilots foi em 1994, quando o filme The Crow (O Corvo) saiu junto com sua trilha sonora. Eu havia ficado embasbacado com a qualidade do filme e das canções que o compõem (ainda pretendo escrever sobre isto). A música dos STP em questão era a fantástica Big Empty, que sempre considerei a melhor a aparecer na trilha sonora de The Crow.

Entretanto, minha curiosidade para conhecer mais sobre os STP nunca emergiu, nem mesmo quando foi anunciado que Scott Weiland, o vocalista da banda, se juntaria aos ex-Guns N’ Roses (banda da qual sou fã desde 2001) Slash, Duff McKagan e Matt Sorum para fundar o Velvet Revolver, que, de acordo com os fãs de GN’R e STP, não fez justiça ao legado de nenhuma destas bandas.

Enfim, foi tudo uma questão do destino. Certo dia, em Novembro passado, estava fazendo um trabalho de faculdade na casa de uma colega, que havia saído para almoçar. Coloquei meu MP3 para funcionar e, quando ela regressou, estava tocando Big Empty. Ela perguntou se eu gostava dos STP e eu afirmei que conhecia apenas aquela canção. Então, rapidamente ela buscou em sua coleção o Core, primeiro trabalho da banda, para que eu pudesse conferir mais sobre a mesma. Minha atração pelo som pesado do álbum foi instantânea.

Poucos dias depois, resolvi conferir os demais trabalhos dos STP. Enquanto Core (1992) tentava seguir a linha de bandas do movimento Grunge, como Pearl Jam e Alice In Chains, foi com Purple (1994) que conseguiram encontrar sua identidade musical. O álbum, considerado a obra-prima dos STP, ainda mantinha a sonoridade de seu antecessor, mas desta vez trazia novos elementos alternativos que se tornariam uma peculiaridade da banda, culminando em Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop (1996), agradando a poucos devido a sua desvirtuada direção musical, apresentando um som mais leve e comercial, bem diferente dos dois primeiros trabalhos.

Foi durante a turnê de Tiny Music que Scott Weiland teve maiores problemas com drogas e foi preso, fazendo com que a banda entrasse em hiato por tempo indeterminado. Passados os perrengues do vocalista, a banda se reúne e grava No. 4 (1999), o álbum mais cru, direto e agressivo da carreira dos STP. Felizmente, não caíram no clichê de expressarem tudo pelo que passaram através das letras das canções – aqui a raiva é descontada nos instrumentos e vocais distintos de Weiland.

(Aliás, distinção é algo que predomina em todos os álbuns dos STP – exceto em Core por motivos já mencionados – e em seus integrantes. O guitarrista Dean DeLeo, seu irmão e baixista Robert DeLeo e o baterista Eric Kretz, ao lado de Scott Weiland, são capazes de tocar praticamente qualquer tipo de Rock, como comprova a variada discografia da banda. É difícil acreditar que são os mesmos integrantes em todos os álbuns. Falar sobre as letras dos STP não é tarefa fácil, pois a maioria delas não faz muito sentido, como comprova um trecho de Creep, do álbum Core: “got no meaning, just a rhyme”. Portanto, cada pessoa pode ter a sua própria interpretação.)

Down, a canção de abertura de No. 4, é o exemplo perfeito do meu tipo de som preferido: lento e extremamente pesado, com baixa afinação dos instrumentos e distorção de guitarras na medida certa. Não há nada melhor do que todos estes elementos juntos para bater cabeça de forma mais apropriada, principalmente com um excelente solo de guitarra sobre uma base tão poderosa. Heaven & Hot Rods continua com a mesma proposta sonora da canção anterior, porém em ritmo mais acelerado e com um dos riffs mais intensos do Rock pesado. O som cru da bateria de Eric Kretz e o momento de grande inspiração nas seis cordas no qual Dean DeLeo se encontrava conferem ainda mais peso à faixa.

O grande destaque de Pruno é a pulsante linha de baixo de Robert DeLeo, que predomina em toda a faixa. Seu simples e agressivo refrão é um dos mais legais de No. 4. Church On Tuesday, apesar de conter sua parcela de peso, se mostra uma canção com maior apelo comercial e é, provavelmente, a que menos gosto no álbum. Isto é um bom sinal, visto que a faixa é muito boa. Temos, então, o hit Sour Girl, excelente balada acústica, de fácil acesso e conteúdo leve, perfeita até para os não-amantes do Rock, servindo como uma pausa no peso das canções anteriores e das que ainda estariam por vir.

No Way Out é a canção Nü Metal (estilo em alta na época) de No. 4. Isto poderia ser o suficiente para que eu criasse desgosto pela faixa, já que tal estilo nunca me agradou. Mas, quando feito por músicos talentosos, pode se revelar como algo mais que decente. É o que acontece aqui. No Way Out nos dá a impressão de que os Stone Temple Pilots tentavam concorrer diretamente com bandas como Korn, Deftones e demais derivados. Apenas espere por muito, muito peso, sobretudo nos refrãos da canção. Sex & Violence é uma porrada rápida e direta, enquanto Glide é uma balada “viajante”, linda e pesada que, de fato, me faz querer sair voando sem direção. Grande momento de No. 4.

I Got You é outra balada acústica nos mesmos moldes de Sour Girl, porém ainda melhor. Weiland chega a lembrar Kurt Cobain em seus vocais mais suaves. Aqui se encontra meu refrão preferido em No. 4, aquele que mais me faz ter prazer em ouvir e cantar. Recentemente, analisando a letra da canção com uma amiga, chegamos à conclusão de que a referência feita em I Got You é sobre o uso da heroína, tema sombrio abordado de forma tão aparentemente inofensiva. MC5 é mais uma porrada maravilhosa e certeira ao estilo de Sex & Violence e o último momento agressivo do álbum.

Agora temos Atlanta. A faixa que encerra No. 4 merece um parágrafo à parte. A terceira balada acústica do álbum em nada lembra as incomplexas Sour Girl e I Got You. Desta vez, o feeling surge em primeiro lugar com o auxílio de arranjos orquestrais e podemos conferir a melhor incorporação de Jim Morrison já realizada em toda a história do Rock. Esta poderia ter sido uma grande canção dos Doors. Weiland interpreta a faixa como se estivesse cantando em seu próprio funeral e a mesma possui, talvez, a letra menos metafórica e confusa do álbum: trata-se de uma “princesa mexicana” que se foi e as lembranças que ela deixou. Evidentemente, Atlanta é uma das canções mais belas dos STP. É, sem dúvida, a mais bela de No. 4.

(Scott Weiland novamente teve problemas com a justiça durante a turnê de divulgação de No. 4 e a mesma precisou ser cancelada. A banda ainda lançou, em 2001, Shangri-La Dee Da, o último trabalho dos STP antes de Weiland ir para o Velvet Revolver. Este álbum trazia um som muito mais diversificado, variando entre o Alternativo, o Psicodélico e o Pop com algumas faixas um pouco mais pesadas. Não vou falar sobre o álbum auto-intitulado lançado em 2010 após a reunião dos STP, pois o mesmo não traz nada do que era característico da banda em seus cinco primeiros trabalhos.)

Nunca houve um álbum que mudou minha vida, mas vários marcaram uma época dela. No. 4 é o do momento atual. Ele pode até não ser o melhor trabalho dos Stone Temple Pilots, mas sem dúvida é o que mais vicia. Aprecie no talo e sem moderação.