sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Estranho

Olhando para o canto
Raciocinando sobre o passado
Expondo minhas memórias a um estranho
Que diz não saber o que é o sofrimento

De repente, ele chora
Debruça-se sobre seu colo
E diz ter perdido alguém

Ele não sabe o motivo, refuta sempre
Não sabe aonde errou e o que cometeu
Nem mesmo o que deixou de fazer
Mas afirma que se tornaria uma pessoa melhor
E faria o possível para reaver este alguém

Já não demonstra tanta tristeza em sua face
Ele agradece, levanta-se e segue seu caminho

Reflexivo e sozinho
Decidi que faria o mesmo por mim
Embora eu não demonstre
A dor que sinto quando penso em você.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Demência

Eu realmente iria desaparecer daqui pelo resto do ano, mas algo me chamou a atenção nos últimos dias que precisava ser abordado e, como é bem certo, escrever é um exercício para se exorcizar os demônios interiores.

O que leva uma pessoa a se apaixonar por outra sem nenhum grande motivo aparente e sair por aí dizendo para quem quiser ouvir que ama tal pessoa, sendo que esta literalmente não dá a mínima? Como pode um ser humano, além de infeliz, ser infeliz com o que tem e desejar mais o que é dos outros? E por que esta pessoa se porta bem com outras para tentar conseguir o que tanto almeja? E o pior de tudo, por que uma pessoa se diz amiga e trai a confiança alheia com a mesma facilidade em que rasga um pedaço de papel?

A resposta para todas estas perguntas não é apenas a falsidade. Seria muito simples. Tais pessoas são realmente dementes, loucas, insanas. E não me refiro ao tipo que se encontra em hospícios (os mais humanos e inteligentes), e sim às pessoas brochantes e estúpidas que se encontram por todos os outros lugares.

Uma pessoa que não se valoriza e não é amada o suficiente e coloca outra como sua prioridade de vida jamais terá capacidade para levar estes planos a cabo, ainda que esta seja sua grande vontade. Tentar preencher o vazio deixado por outra pessoa não adiantará. Você não conseguirá sequer encher um dedo do copo, pois você nada mais é do que um João-Ninguém.

O que dizer então de um João-Ninguém mais burro que uma porta – aquele que fala o que quer e escuta apenas o que quer, ou não escuta definitivamente nada? Alguém poderia me dizer qual o nível necessário de tolerância e paciência com alguém assim? Só conheço uma pessoa tão boa a ponto de suportar e conviver quase que diariamente com um ser com essas características.

Se você diz possuir amizade com duas pessoas que também são amigas entre si, não defeque em suas cabeças! Para que inventar histórias para tentar deixar alguém mais à vontade? E quanto a ocultar informações? Se não é capaz de ser sincera, fique em cima do muro, porra! Ao menos todo mundo ficará feliz por saber que você não fede e nem cheira.

Quando escrevi o post “Um Tributo À Mediocridade”, me referia justamente a alguém do tipo acima. São todos farinha do mesmo saco, literalmente falando. Não chega nem a ser uma metáfora. O lado bom da raiva é que, quando ela passa, eu me divirto. Muito. Apenas uma coisa é certa: demência pode ser contagiante, não importa o quão forte você aparente ser ou realmente é. Portanto, pule do barco e se salve enquanto é tempo, mesmo tendo que nadar contra a correnteza.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Apenas Um Outro Nômade: 1 ano de blog

Ontem, 16 de Dezembro de 2010, meu blog completou um ano de existência. Como o aniversário dele coincide com as comemorações de fim de ano, nada mais justo que olhar para trás e avaliar o ano que se passou.

2010 foi, provavelmente, o melhor ano que tive até hoje. Tantas pessoas fantásticas entraram em minha vida em tão pouco tempo que realmente não dá para falar de todas e como as conheci. O pessoal de Goiânia e a turma da faculdade em Brasília são exemplos de pessoas que quero guardar por muito tempo. Minha avó se casou novamente em Junho e foi ótimo reencontrar parentes em Belo Horizonte após tanto tempo.

O irônico é constatar que iniciei o ano de 2010 com o pé esquerdo, para depois perceber que coisas boas estavam começando a acontecer. Meu trabalho como professor havia melhorado e eu estava me divertindo bastante no primeiro semestre, o qual passei em Goiânia. Porém, surgiu a oportunidade de entrar na faculdade no segundo semestre em Brasília. Eu tinha certeza de que aquela seria uma última oportunidade durante um bom tempo e decidi que, desta vez, iria entrar de cabeça. Me surpreendi por perceber que só não fui um bom aluno nos tempos de escola porque eu era (e ainda sou) muito preguiçoso e realmente não queria saber de nada. Minha dedicação foi tão grande que fui convidado por alguns colegas a ser parte integrante de uma futura produtora de filmes independentes.

Porém, quando tudo anda muito bem é sinal de que algo ruim irá acontecer. O fim de algo que durou muito, muito tempo. Isso aconteceu e não me senti bem por uns dias, mas, na verdade, me recuperei rápido demais. Creio que o que aconteceu foi o melhor para todos e já não tenho mais vontade de voltar no tempo. Quero apenas viver minha vida e desejar que façam o mesmo. Minha mãe passou por algo semelhante ao mesmo tempo e nossa amizade nunca foi tão forte quanto é agora. Sem dúvida, ela se tornou minha maior companheira. Minha relação com minha linda filha também nunca esteve em tão boa sintonia.

Excetuando-se este e alguns outros equívocos da minha parte, nunca me senti tão bem comigo mesmo. Creio que precisava apenas de um rumo e, neste caso, foi a faculdade. Não poderia desejar uma turma melhor. Cada um ali tem seu próprio talento, intelecto e personalidade e, o que mais me agrada, um grande senso de união. É sempre divertido quando nos juntamos pra tocar um violão, jogar uma sinuca ou simplesmente conversar. Neste semestre estive envolvido em três filmes. O primeiro foi horrível, o segundo foi divertido e o terceiro foi uma animação em stop motion trabalhosa, mas que deixou todo mundo orgulhoso ao ver o produto final. O problema é que todos estes filmes foram trabalhos da faculdade, o que implica que tivemos muito pouco tempo e recursos para fazê-los. Porém, a tendência é só melhorar.

Este texto faz um belo contraste com o primeiro post deste blog“Obrigado”, uma expressão poderosa – no qual eu lamentava não ter aproveitado minha vida como deveria. Aprendi que tudo tem um momento certo para acontecer e já não me arrependo do tempo que joguei fora. Afinal, não adianta chorar pela Coca derramada. Então, o correto a se fazer é comprar outra e ser feliz.

Agradeço (novamente) a todos os que passam ou passaram por aqui no decorrer de 2010 e desejo-lhes ótimas comemorações de fim de ano. A gente se vê em 2011!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

01:02:03

Uma hora para sonhar
Sentir aquele momento inalcançável que se perde ao despertar
E o lamento de que aquilo jamais irá voltar
Com muito pesar

Dois minutos para refletir
Sobre a sensação de que o mundo irá ruir
Implodir conflitante e a vida se extinguir
Em um mar de almas, se subtrair

Três segundos para morrer
A tormenta se encarrega raivosamente de trazer
O corpo decomposto de seu ser
Para, em um novo útero, renascer

O que houve com a emoção?
Do que se fez a criação?
Por que não estamos em união?
Aonde foi parar minha inspiração?