segunda-feira, 29 de março de 2010

Correndo em Areia Movediça

Segunda-feira, 29 de Março de 2010. Hoje foi um dos piores dias da minha vida. É péssimo perceber que não se pode contar com certas pessoas que deveriam estar sempre dispostas a nos ajudar. Felizmente, são pessoas que não fazem parte daquelas que me ajudam a ser mais forte a cada dia, que estão sempre ao meu lado (mesmo que distantes fisicamente) quando as coisas apertam. Ter a quem amar e ser amado fazem a vida valer a pena.

Lembram-se do “Obrigado.”? Pois é. Hoje eu não tive a oportunidade de dizer isso, embora quisesse muito, pois precisava de um grande favor, a uma grande pessoa, e achei que poderia contar com outra para tal. Acontece que esta outra parece ter um enorme tesão em olhar para o próprio umbigo e, se não lhe convir, pode esquecer.

Esta mesma costumava dizer que sempre estaria por perto para o que fosse necessário. HA! Tolo eu de acreditar. Infelizmente, sou do tipo que só aprende errando, e creio que nunca houve um estresse tão grande quanto o de hoje em minha existência. Para piorar, algo muito ruim aconteceu no meu local de trabalho, e o clima lá estava tão ruim quanto eu. O dia parecia que parou no tempo. Cada minuto parecia uma hora. Cada passo parecia uma milha. Cada barulho parecia um tapa no ouvido. Quisera eu poder nunca ter levantado da cama hoje.

Por isso eu digo sempre: quem é bonzinho só se dá mal. Por ter um bom coração, sempre procurei ajudar as pessoas, não importa se eram próximas ou não a mim. Poderia se dizer que eu era o “ajudador” da galera, não importando se o problema era pequeno ou grande. Às vezes, deixava de aproveitar o tempo com coisas minhas e ia dar ouvidos aos outros, e como eu perdi tempo! Muitos destes viraram as costas quando minha vez de pedir ajuda chegou e, infelizmente, isso ocorre até hoje. E é aí que a gente começa a refletir se fez algo de errado com alguém, se ajudou a pessoa da forma correta, se fez isso de má vontade, se ela percebeu essa má vontade e blahblahblah.

Só sei que tudo o que fiz até hoje foi de coração, com vontade e, sobretudo, bem feito (sou perfeccionista ao extremo), para que certas pessoas simplesmente ignorassem isso e virassem as costas. Dói ver isso acontecendo, mas me ensina o quão egoístas são os humanos, os maiores seres irracionais do Universo.

Hoje, apesar dos pesares, descobri que meu coração pertence à apenas três pessoas. Estas sim, não me fariam medir esforços para nada. Infelizmente, nenhuma delas está fisicamente perto de mim neste momento, mas sei que fariam de tudo por mim caso eu precisasse. Aprendi que todo mundo tem seus dias de cão. Ninguém é imune a isso. Hoje, o céu está ensolarado. Amanhã, o clima se fechará para você. Depois de amanhã, você estará mais forte.

Felizmente, os dias nunca são iguais.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O Sentido

Texto escrito em 25 de Agosto de 2004, em um momento de raiva. No fim das contas, o resultado não ficou como eu esperava e um parágrafo inteiro foi removido após algum tempo.

Quando a mente está perturbada, especificamente, com alguma coisa anormal, parece que nada mais importa. Amar, viver e ser amado perdem o sentido por um momento. Toda a ilusão se aproxima da criatividade que a vida nos proporciona e nossas filosofias são esquecidas num lapso, um efeito colateral da mente, esta que está em puro transe de reflexão, totalmente idiota, e que nos leva a imaginar coisas absurdas, das quais nenhum ser vivo deveria pensar em imaginar.

O cúmulo da mente perturbada é achar que não há saída para os problemas diários, quando muitas pessoas pensam no suicídio, a considerada saída mais fácil. Porém, o julgamento poderá ser até mais complicado quando se está morto do que na própria vida. Já diria uma música: “Quem ousa amar para sempre quando o amor deve morrer?”. Será que isso é verdade, ou só um conto de fadas? Nunca saberemos a resposta, pois somos simples seres criados pela criatura todo-poderosa que tudo vê.

Acredita-se que tudo que fazemos na vida é destino e, se uma pessoa está destinada a encontrar sua outra metade, certamente elas irão passar o resto da vida juntas e seu amor será para sempre mesmo após a morte, certo? Não faço idéia e acho que nenhum outro ser humano saiba a resposta. Isto é simplesmente uma crença de algum idiota que a criou por falta do que fazer. Às vezes penso que amar para sempre não é e nunca será possível. Outras vezes acho que isso realmente não é ficção, acredito que o amor de verdade dure para sempre, mas não em todos os sentidos. O amor carnal dura somente quando sua alma está dentro do seu corpo.

Dizem que os anjos não têm sexo. Pessoalmente não acredito nessa teoria. Eles podem até não ter sexo se levado a sério o fato de que não têm uma forma física carnal, como se fossem apenas um reflexo no meio do ar, mas sem alguma máquina moderna que os façam aparecer. Eu acredito que os anjos de verdade são as pessoas vivas que estão em todos os lugares. Alguns são anjos caídos, mas a maioria absoluta tem, metaforicamente falando, um coração tão grande que quase não cabe dentro do tórax.

Anjos também decepcionam, trazem tristeza para nós algumas vezes, mas nunca é intencionalmente e não é nada tão grave a ponto de a pessoa magoada não poder perdoá-los. Ninguém é perfeito. Nem mesmo os anjos, os pacifistas, os gênios e os solidários. Se você também não é perfeito, por que não perdoar ao próximo? Dizem que a vingança é uma ótima forma de perdão. Será? Sua vingança só atrairá mais vingança, que não é vinda de sua parte. Faça comigo que farei pior, certo? Errado. A melhor coisa a se fazer é dar tempo ao tempo. Chegará o dia no qual o seu oponente é quem será a barata.

O que dizer sobre a decepção? Simplesmente a pior forma de se sentir em relação à outra pessoa e até a nós mesmos. Já não sei mais quantas vezes me decepcionei comigo mesmo e com as outras pessoas com quem convivo. Sem dúvida também já decepcionei muita gente e sinto muito por isso, mas a decepção é uma palavra forte e que, infelizmente, faz parte da vida e temos que conviver com ela, pois todos nós aprendemos que o que deixa a vida excitante são os inúmeros objetivos a serem alcançados e as barreiras a serem ultrapassadas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Espaço Entre

Tradução da música The Space Between, escrita em Dallas no dia 27 de Julho de 2007 e ainda não trabalhada, musicalmente falando.

Diante da porta, olhando para o relógio
Esperando poder vê-la chegar em casa e não se atrasar
Juntos poderíamos ser derrotados, separados podemos vencer
E nada realmente importa, toda pessoa tem um destino

Mas agora é hora de encarar o mundo e separarmos nossos caminhos
Se você pudesse ver minha vida com acontecimentos através do tempo
E de repente perceber que você ignorou meu conselho
Abra seus olhos e veja o que você fez comigo

Eu poderia me matar e você não se importaria
Você pensaria que foi uma atitude estúpida
Quando eu morrer, poderei ver sua queda
Mas não posso encontrar o espaço entre minha escuridão e sua solidão

Sinto falta dos seus braços em minha volta, desejaria sentir seus lábios
Só porque você esmagou meu coração, não significa que ele não está intacto
Ele ainda carrega as memórias, algumas boas, mas a maioria não
A cada momento eu imagino se você algum dia irá voltar

E ainda você sente sua cabeça batendo contra o medo
No fundo de seu amor, há um grande mar de buracos
Por mais estúpido que possa ser, eu lhe imploro de joelhos
Me traga de volta à vida e, baby, me abrace forte

Agora que já é muito tarde e tudo o que restou foi ódio
Eu a deixarei seguir sozinha e nunca mais voltar para casa
Ainda como pode ver, eu nunca deixarei estar
Apenas vá e me deixe mal, de alguma forma será você quem irá se afogar

quinta-feira, 11 de março de 2010

07 de Março de 2010: Um Dia Histórico


É difícil de acreditar que 9 anos se passaram desde quando o Guns N’ Roses tocou no Brasil pela última vez. Foi no Rock In Rio III, na madrugada do dia 15 de Janeiro de 2001. Neste mesmo ano, comecei a escutar bastante o som da banda. O primeiro CD que comprei foi Live Era – ’87-’93, que trazia excelentes versões ao vivo de grandes clássicos da época em que Slash, Duff McKagan, Izzy Stradlin, Steven Adler, Matt Sorum e Gilby Clarke tocavam ao lado de Axl Rose, e não demorou para que eu comprasse o restante da discografia. O GN’R foi minha banda preferida durante alguns anos e, mesmo quando resolvi dar um tempo, a vontade de ver um show de Axl & Cia nunca diminuiu.

Minha primeira e única tentativa de ver um show do Guns foi quando eu estava morando em Boston. Tinha acabado de chegar aos USA e a banda faria 4 apresentações em New York. Cogitei ir até lá para tentar conferir uma dessas apresentações, mas a falta de verba me impediu. O tempo passou e voltei para o Brasil, com as esperanças quase nulas. Quando Chinese Democracy foi lançado, não foi cogitada uma turnê mundial, nem mesmo um vídeo clip promocional. A confirmação de uma turnê foi somente feita um ano depois, e foi anunciado que a banda passaria 2 meses excursionando pela América do Sul. 5 shows no Brasil foram confirmados. Quando vi que Brasília estava incluída, demorou muito para a ficha cair. Aquela seria uma oportunidade única e, assim sendo, não poderia deixá-la passar. Quando fiquei sabendo que Sebastian Bach iria abrir o show, a empolgação foi aos píncaros.

Pedi ao meu amigo Bruno (Motherfucker!), que mora em Brasília, para que comprasse meu ingresso para a pista comum. Ele acabou enrolando e permitindo que os mesmos se esgotassem, sobrando apenas a arquibancada como opção. Isso não me desanimou. Porém, como ele já estava com o ingresso dele de pista em mãos, foi triste saber que assistiria ao show sozinho. Afinal, ambos somos fãs de Guns N’ Roses e Skid Row/Sebastian Bach e conhecemos todas as músicas. Portanto, nada faria mais sentido do que pirar o cabeção juntos.

7 de Março de 2010. Um dia que ficará em minha memória para sempre. O dia da realização de um grande sonho, que já durava 9 longos anos. Ao entrar no Ginásio Nilson Nelson, sabia que estava prestes a ver um espetáculo. Quando cheguei à arquibancada, por volta de 19h, busquei encontrar um lugar na grade e precisei me dirigir ao lado oposto do ginásio para isso, tendo uma visão diagonal decente do palco. Como sabia que perderia aquele lugar se tivesse que sair dali por algum momento durante a noite, decidi que não beberia nenhum tipo de líquido para não correr o risco de a natureza chamar.

SEBASTIAN BACH
O primeiro show da noite foi da banda brasiliense Khallice, iniciado às 20h30. Sinceramente, mesmo contando apenas com músicos excelentes, não fazia sentido algum ter uma banda de Prog Metal abrindo para duas lendas do Hard Rock mundial. Felizmente, o show deles não foi morgante e acabou pontualmente às 21h. O pano de fundo com a capa do álbum Angel Down foi erguido, fazendo muita gente na platéia se manifestar positivamente. Às 21h30, a banda de Sebastian Bach subiu ao palco, e o primeiro grande show da noite se iniciava. O vocalista demonstrou, em 1h15min de show, uma excelente presença de palco, girando seu microfone a mais de 2 metros de distância. Às vezes dava a impressão de que o microfone se enrolaria pelo seu corpo ou atingiria a cabeça de algum membro de sua banda. Não me lembro da ordem exata das músicas do show, então as colocarei em ordem cronológica. Foram tocadas 6 músicas do primeiro álbum do Skid Row, sendo elas Big Guns, 18 And Life, I Remember You, Here I Am, Piece Of Me e Youth Gone Wild. Do clássico Slave To The Grind, apenas Monkey Business e a faixa-título foram executadas. Infelizmente, nenhuma música do Subhuman Race, meu álbum preferido, se fez presente no show. Do pesadíssimo Angel Down, álbum solo do vocalista, foram executadas You Don’t Understand, Back In The Saddle, (Love Is) A Bitchslap, Stuck Inside, American Metalhead (rebatizada para o concerto como Brazilian Metalhead), By Your Side e Stabbin’ Daggers. Uma nova música, na qual me foge o nome, também foi executada. Excelente por sinal, e planejada para o próximo álbum. Sebastian Bach é um cara que possui a paixão pelo Heavy Metal estampada em seu rosto e, sobre um palco, possui um carisma do tamanho de todo o ginásio, no qual 13.000 pessoas se encontravam, sempre se comunicando com a platéia. Em português alto e claro, proferiu frases como “Tira o pé do chão!”, “Hoje Brasília vai ser a capital do Rock N’ Roll!” e, a que mais abalou as estruturas do estádio, “Vocês estão prontos para GUNS N’ ROSES?!”. Nem é preciso citar qual foi a reação da multidão neste momento.

Pontos altos do show:
18 And Life, a primeira música a agitar a grande platéia presente. Infelizmente, a maior parte do público não parecia conhecer bem a carreira do cantor. Para se ter uma idéia, quando o show do Khallice começou, alguém perguntou para o cara que estava ao meu lado qual banda estava tocando, ao que foi prontamente respondido: “Esse é o Sebastian Bach!”. Que vergonha. Deu até vontade de corrigi-lo, mas preferi ficar quieto na minha. Uma hora, ele descobriria a besteira que disse.
By Your Side, a única música da carreira-solo do vocalista que todos pareciam conhecer, foi belamente cantada por muitos dos presentes.
• Porém, foi com I Remember You que as mulheres molharam e os homens melaram. O grande destaque deste show foi o coro em uníssono realizado por todo o ginásio durante a execução desta música.
Big Guns, Youth Gone Wild, Monkey Business, Slave To The Grind, You Don’t Understand, “Brazilian Metalhead” e Stuck Inside foram as que mais me deixaram com vontade de ter um orgasmo espontâneo. Ao contrário do que eu esperava, Bach cantou muito bem durante o show. Por mais que ele seja imbatível no estúdio, sua performance vocal ao vivo nunca foi das melhores. Acho que, além de secretamente fazer aulas de pronúncia portuguesa, o cara, enfim, resolveu aprender a cantar bem ao vivo.

Ponto(s) baixo(s) do show:
• O público, bastante ignorante em relação à carreira de Sebastian Bach. O cara apresentou um show excelente, apesar de curto, e merecia mais atenção.

Ao fim do show, Sebastian Bach agradeceu ao Guns N’ Roses pela oportunidade de tocar na capital do Brasil (e o quanto ele esperava por aquilo) e, ao público, por sua devoção ao Rock N’ Roll, deixando o palco às 22h45. Só o show desta grande voz do Hard N’ Heavy já valeria o salgado preço do ingresso.

GUNS N' ROSES
Após o show de Bach, o que se seguiu foram intermináveis 90 minutos de espera pelo início do show do GN’R. Uma grande briga se iniciou na pista, culminando com gente sendo expulsa, e um coro berrando “filho da puta” foi feito por todo o ginásio para os baderneiros. Muitas pessoas, para não morrerem de tédio, começaram a fazer ola na arquibancada, como se estivessem assistindo a um jogo de futebol. Quando o pano de fundo de Angel Down foi removido, foi revelado um enorme palco, do qual Khallice e Sebastian Bach utilizaram apenas a parte da frente. Muitas pessoas já estavam perdendo a paciência, principalmente quando os técnicos voltavam ao palco para ajustar sempre as mesmas coisas, chegando até a atirar algumas garrafas. Mal sabiam que praticamente todos os shows da história do GN’R começavam atrasados e, às vezes, muito atrasados. Porém, à 00h15, quando as luzes do ginásio se apagaram e a música ambiente foi desligada, as vaias viraram berros daqueles que esperaram muitos e muitos anos para ver uma das maiores bandas da história ao vivo. Quando os primeiros riffs de Chinese Democracy foram tocados, a emoção surgiu avassaladora quando Axl Rose apareceu no palco. Meus olhos não acreditavam que eu estava finalmente vendo-o em carne-e-osso com meus próprios olhos, depois de tantos anos de espera. Quase que todas as minhas forças se esgotaram logo nesta primeira música. Sem mais delongas, o vocalista grita “Do you know where the fuck you are?!”, levando todo mundo à loucura enquanto se anunciava o grande clássico Welcome To The Jungle. Para os que achavam que Axl estava acabado, é com enorme prazer dizer que estão redondamente enganados. Aos 48 anos de idade, Axl mostra que ainda dispõe de uma grande energia e presença de palco, e sua voz soava muito melhor do que em 2001. Sem permitir que ninguém parasse para respirar, a banda emenda, logo de cara, mais dois outros clássicos de Appetite For Destruction: It’s So Easy e Mr. Brownstone. O momento de descanso chega com Sorry, que me fez realmente parar pela primeira vez para apenas assistir à banda tocando, o que foi ótimo. O clima calmo vai embora quando o riff de Better é tocado. Com certeza, foi um dos momentos dos quais fiquei mais emocionado, mesmo achando que ouviria a música apenas perto do fim do show. Esta, inclusive, foi uma das poucas músicas do álbum Chinese Democracy que realmente animou a todos. A maioria das pessoas parecia não conhecê-las muito bem, agitando apenas nos clássicos óbvios. O que se seguiu foi o primeiro de quatro solos/passagens instrumentais do show, sendo o de abertura a cargo do guitarrista Richard Fortus, executando o tema de James Bond. Aproveitando este mesmo tema, emendam com Live And Let Die, música de Paul McCartney relacionada ao filme homônimo, regravada pelo GN’R no álbum Use Your Illusion I. Após If The World, com seu clima mais experimental, outro clássico começa a tocar. Trata-se da maravilhosa Rocket Queen, faixa de encerramento do primeiro álbum. Curiosamente, a platéia parecia congelada durante esta música, que é uma das melhores da banda. Após o término da mesma, o show se segue com um piano sendo colocado na parte frontal do palco, e Axl apresenta o tecladista Dizzy Reed, único membro remanescente da formação de Use Your Illusion ao lado de Axl. Dizzy, um virtuoso nas teclas, executa um belo solo chamado Ziggy Stardust, emendando logo com Street Of Dreams, que se tornou conhecida após o show do Rock In Rio III. Scraped tem seu início alterado para sua execução ao vivo, e trouxe os vocais mais altos de Axl em todo o show. Mais um solo é feito, dessa vez a cargo de DJ Ashba, o mais novo integrante da banda e, logo em seguida, se inicia uma jam pesada e energética por parte dos instrumentistas da banda. Sem perder muito tempo, Ashba solta o riff inicial de Sweet Child O’Mine, o maior sucesso do GN’R, e a multidão vai ao delírio, fazendo deste o momento mais agitado de todo o show. A música seguinte, You Could Be Mine, dispensa comentários. Apesar de fazer parte de Use Your Illusion II, poderia perfeitamente estar em Appetite For Destruction, tamanha sua energia e a criatividade que ela apresenta. Pausa para uma brincadeira com a música Another Brick In The Wall, do Pink Floyd, quando algum dos guitarristas (não me lembro exatamente qual) começa a tocá-la e a cantar, enquanto um piano é novamente trazido à frente do palco, dessa vez para Axl. Quando este se senta ao piano, ajuda a cantar o refrão, substituindo a palavra brick por bitch. Quando a brincadeira termina, Axl executa um belo solo de piano e anuncia a música November Rain, fazendo com que inúmeros celulares e isqueiros iluminassem o local. A execução desta música foi outro dos melhores momentos do show. Inclusive, nunca vi uma equalização tão perfeita em um show. Nenhum instrumento estava mais alto do que os outros e foram poucas as vezes em que a voz de Axl sumiu diante da parede de som criada pelos outros 7 músicos da banda, especialmente quando cantava em tons mais baixos. Deve ser a idade. Felizmente, isso não prejudicou em nada o espetáculo. Após a grandiosidade de November Rain, o último solo da noite foi anunciado. Tratava-se do tema da Pantera Cor-de-rosa, executado pelas mãos do guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal. Outro momento nostálgico veio, com a versão de Knockin’ On Heaven’s Door, de Bob Dylan, lançada em Use Your Illusion II. Axl fez nesta música o que ele sempre faz: convidou a platéia para cantar com ele e, na última vez, o ginásio estremeceu mais uma vez. A maior surpresa do show foi a música Shackler’s Revenge, uma das melhores de Chinese Democracy e a única do set list que achei que não tocariam. Em seguida, outros dois clássicos da formação original: Patience (com um ótimo trabalho de iluminação) e a empolgante Nightrain, agitando todos os presentes. Ao final desta, a banda deixa o palco. Alguns minutos depois, a mesma volta para a execução de Madagascar, que não faz o público se mexer. Quando os acordes iniciais de Paradise City começaram, ao invés de ficar empolgado, me senti nostálgico, pois sabia que aquela seria a última música da noite. Nesta sim, todos os presentes deram tudo de si e, quando o final se aproximou, alguns fãs da pista Premium estenderam uma gigantesca bandeira feita por fãs em homenagem à banda, que se comoveu bastante. O fim da música foi um festival de fogos, explosões e serpentina. (Aliás, não tenho como deixar de falar sobre o palco: além da banda, telões enormes, pirotecnia, espaço e iluminação fazem a palavra “show” soar até injusta, no bom sentido.) Logo em seguida, a banda deixa o palco novamente para, apenas alguns segundos depois, voltar. Axl pediu desculpas por “ter feito tantas crianças ficarem acordadas até tarde”, afinal, já eram 2h45 da madrugada. Após muitos aplausos, o GN’R agradece aos fãs e se despede, culminando com Axl jogando seu microfone à platéia. Sorte do fuckin’ bastard que conseguiu pegá-lo.

Pontos altos do show:
• As execuções de Chinese Democracy (por ter sido a música de abertura), Welcome To The Jungle, Sweet Child O’Mine, You Could Be Mine, Nightrain e Paradise City foram os momentos mais agitados, com toda a galera pirando o cabeção.
November Rain foi um caso à parte. Por mais que, atualmente, eu quase não a escute, foi ótimo ver pessoalmente Axl Rose tocando sua composição ao piano.
Better me deu arrepios só de escutar o riff inicial. O resto nem precisa de comentários.
Rocket Queen foi uma das que eu mais queria ver no show, e foi incrível que, mesmo sendo um clássico da banda e executada com perfeição, quase ninguém deu moral para ela.
Sorry foi o momento perfeito para parar e apenas assistir à banda tocando, e foi ótimo acompanhar o desenvolvimento da música desta forma.
• A surpresa agradável que foi presenciar Shackler’s Revenge ao vivo.

Ponto(s) baixo(s) do show:
• O Guns N’ Roses não executa ao vivo a melhor música de sua carreira desde 1993.
• Novamente, o público. Em certos momentos, parecia que eu estava em um show de grande porte nos USA, tamanho era o desinteresse por boa parte das pessoas. Não dá para entender como alguém que se diz fã fica parado em um show desses, em uma oportunidade que talvez seja única na vida. Assim, qualquer banda desanima. 2h30min de show é uma ótima duração, mas o mesmo poderia ter durado ainda mais caso o público tivesse feito melhor a sua parte.

Guns N' Roses:
W. Axl Rose (vocais, piano)
Dizzy Reed (teclados, piano, percussão)
Tommy Stinson (baixo)
Chris Pitman (teclados, efeitos)
Richard Fortus (guitarra)
Ron "Bumblefoot" Thal (guitarra)
Frank Ferrer (bateria)
DJ Ashba (guitarra)

No fim das contas, assisti a dois de meus ídolos em apenas uma noite. De um lado, Sebastian Bach dando uma aula aos brasilienses de como ser um verdadeiro Metalhead. De outro, Axl Rose mostrando que ainda tem energia, voz e capacidade para levar o nome Guns N’ Roses à diante, junto a outros grandes músicos.

Não posso deixar de citar as duas pessoas que contribuíram para que esse dia fosse tão histórico em minha vida:

• Motherfucker, por ter enrolado tanto para comprar meu ingresso para a pista comum que tive que assistir na arquibancada. Sinceramente, não consigo imaginar uma visão melhor do que a que eu tive lá de cima. A menos, é claro, que eu estivesse perto da grade frontal na pista Premium.
• Minha fêmea, por ter me dado mais um grande presente. Ela sempre consegue me surpreender em cada um deles. Uma das pessoas que mais odeiam o Guns N’ Roses (talvez, atualmente, nem tanto) em sua terra-natal, me pegou de surpresa quando me deu o Chinese Democracy no Natal de 2008. Em Fevereiro passado, me deu o ingresso para que eu pudesse realizar o sonho de assistir a um show da turnê deste álbum e desta banda que marcou uma época muito feliz da minha vida.