terça-feira, 31 de agosto de 2010

Mais do Mesmo: O Cinema Brasileiro Atual

O Cinema brasileiro evoluiu muito na última década, em termos técnicos, com o aumento das produções de grandes orçamentos e o melhor desenvolvimento da tecnologia. Infelizmente, porém, os grandes filmes brasileiros deste período sempre focavam-se nos mesmos temas explorados anteriormente por produções mais clássicas e até mesmo independentes, que traziam histórias até então inovadoras em nosso país.

Assim sendo, é uma pena constatar que, hoje, o Cinema brasileiro investe mais dinheiro em filmes pomposos e sem elegância, com atores famosos que, em sua grande maioria, fazem um trabalho bastante duvidoso. Os grandes talentos brasileiros ainda encontram-se independentes, sempre tentando fazer o melhor trabalho possível com seus recursos limitados. Isto não deixa de ser bom, pois podem sempre extrair as melhores idéias de roteiro para compensar a produção humilde.

Nosso Cinema, para poder figurar entre os melhores, precisa se reinventar, arriscar, ousar mais. Existem diversos gêneros cinematográficos pouco explorados em nosso país e que poderiam ser levados um pouco mais a sério para, assim, poder romper as barreiras que nossa Sétima Arte estabeleceu a si mesma. As grandes produções brasileiras exibidas em outros países falam, em boa parte, sobre pobreza e/ou violência. Creio que, futuramente, não só os cineastas se sentirão desgastados com estes temas, como os expectadores também. Se isto realmente vier a acontecer, nosso Cinema irá morrer lá fora.

Se há algo que aprendi sobre as pessoas que trabalham com o Cinema, é que elas o fazem pelo amor que têm por esta arte, assim como os profissionais de Artes Cênicas. Vejo em novos profissionais da área cinematográfica a dedicação a cada trabalho produzido. A nova geração brasileira de profissionais do Cinema tende a inovar, trazendo e expondo idéias antes pouco ou nunca praticadas em nosso país. Novos conceitos ficcionais, ainda que ligados à realidade, podem ser explorados e novas formas de se fazer Cinema podem ser alcançadas.

Nos dias de Internet, é extremamente fácil aprender sobre as coisas que nos interessam de uma forma teórica. A nova geração está adaptada ao uso desta grande ferramenta de informações para poder estar sempre ampliando seus horizontes e idéias. Já a prática é bem diferente. Há a necessidade de se ir mais fundo para que possamos idealizar e executar nossos próprios projetos. Estamos sempre dispostos a aprender cada vez mais sobre aquilo que amamos para que nosso trabalho seja o melhor possível.

domingo, 22 de agosto de 2010

Ah, Jeová!

Algo que sempre foi intrigante para mim é como surgem os mitos e religiões. Façamos uma breve comparação com os boatos. Estes podem até nunca ter um real fundamento, mas sempre há um ponto de partida baseado em algo que de fato aconteceu. A distorção de tal fato verdadeiro ocorre em muitos casos para atrair a atenção àquele que a busca, prejudicar a vida alheia, fugir da realidade crua e difícil ou, simplesmente, para causar polêmica entre um grupo de pessoas.

Não é à toa que, ao longo da História e devido à dura realidade do ser humano, este criou os mitos e religiões como válvulas de escape. A necessidade que o ser humano possui em crer em algo superior e depositar nele todos os seus medos e inseguranças é tão grande que pode cegar os mais fracos. Os conflitos gerados entre as diversas religiões sempre se mostraram e continuam sendo confusos, já que o propósito final de cada uma é exatamente o mesmo.

Não sou uma pessoa religiosa e nunca acreditei em mitos, mas creio que em tudo há um propósito, até mesmo nas piores coisas. Acredito que tudo acontece simplesmente porque deve acontecer e não faço julgamentos sobre o que é certo e errado, pois não tenho o direito para tal. Cada pessoa sabe sobre o lado bom e o lado ruim de suas ações, causas e conseqüências, mas nem todas conseguem ter controle sobre si mesmas.

O que falta na humanidade é ter respeito ao próximo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Quatro

Hoje é Dia dos Pais. Resolvi escrever um post dedicado às quatro pessoas que, se não existissem, não haveria a possibilidade de este ser o meu dia. Como a Música é minha forma preferida de contar histórias ou momentos (minha vida sempre possuiu trilha sonora, mesmo que, em alguns casos, ela estivesse apenas em minha cabeça), escolhi algumas canções para contar um pouco sobre estas pessoas.

Cris: minha mãe. A pessoa que agüentou com garra todos os meus transtornos de adolescente. Olhando pra trás, dá um peso na consciência quando percebo o trabalho que dei a ela. Quando conversamos sobre esta época, chegamos a um consenso: foi difícil, mas poderia ter sido muito pior. Ela é uma pessoa guerreira, sempre pronta pra luta e possui o maior coração que um ser humano sozinho poderia ter. Hoje a tenho como um grande porto-seguro e fico feliz por estarmos juntos novamente, mesmo tendo que ouvir seus roncos à noite.

Hide In Your ShellSUPERTRAMP
Minha mãe sempre me contava uma história sobre seu pai, meu avô, falecido apenas 3 meses antes de meu nascimento. Eu não me lembro direito como era a história, mas sei que tinha algo a ver com Hide In Your Shell, sua música preferida do Supertramp. Esta canção sempre a trouxe lembranças nostálgicas, porém felizes, de sua infância.

Bird Of PassageTHE MISSION
Certa vez, minha mãe e eu tiramos um raro momento para ouvir música juntos. Quando Bird Of Passage começou a tocar, comentei algo com ela que a fez ficar em silêncio, caindo aos prantos logo em seguida. Eu sabia o motivo do sofrimento, pois tudo ainda era muito recente para ela. Desde então, sempre ouço esta canção com certa tristeza pelo ocorrido, mas, no fim, acabo ficando feliz por saber que ela superou os momentos mais complicados.

All My LoveLED ZEPPELIN
All My Love me faz lembrar de um outro momento juntos ao som da música. Minha mãe já havia declarado uma vez que Led Zeppelin era sua banda favorita de Rock, então coloquei um CD deles para tocar prontamente. No decorrer desta canção, ela se dispôs a cantar com seu maravilhoso “Inglês errado”, fazendo com que eu desse muitas risadas. Foi um de nossos momentos mais divertidos juntos.

Vapor BaratoGAL COSTA
Se há uma música que resuma minhas lembranças de minha mãe, ela é Vapor Barato. Eu coloquei a Gal Costa aqui aleatoriamente, visto que não foi ela quem compôs a canção. Minha mãe aprendeu a tocar violão sozinha. Toda vez que ela se apossava do instrumento, tocava a canção de uma forma tão vívida que era impossível não parar tudo para vê-la tocar. Ela ainda faz isso, esporadicamente.

A Whiter Shade Of PaleGERRY AND THE PACEMAKERS
Esta canção, escrita e gravada originalmente pela banda Procol Harum, tocava o dia inteiro. Minha mãe sempre teve a mania de colocar um CD para tocar deixando na função repeat para apenas uma música durante horas, e eu tinha que agüentar. Hoje vejo que a canção é realmente muito bonita. Embora tenha passado anos sem escutá-la, sempre me lembrava dela e, conseqüentemente, de minha mãe.

Kid: meu pai. Uma pessoa que até hoje só não desistiu de mim por pura insistência (claro que sei que não foi apenas por isso). Às vezes, tentamos competir para ver quem é mais teimoso, mas nunca há um vencedor. Graças a ele, herdei o gosto musical que tenho hoje. Inteligentíssimo e um ótimo companheiro quando está de bom humor. Quando não está, é melhor nem chegar perto. Dedico boa parte deste post a ele.

In The Flesh?PINK FLOYD
Poderia citar muita coisa do Pink Floyd (ou Beatles, Supertramp e The Mission) que me faz lembrar de minha infância com meu pai, mas a canção In The Flesh? é especial. Nós simulávamos dois aviões ao final da música que passavam muito perto um do outro sem se tocarem. É interessante perceber que isso foi há quase 20 anos e parecer que não foi há tanto tempo assim.

To SheilaSMASHING PUMPKINS
De volta aos tempos de BH em 2003, nós estávamos em nosso apartamento. Meu pai estava na sala fazendo algo, enquanto eu estava em meu quarto ouvindo música com a porta aberta. Quando coloquei um CD do Smashing Pumpkins para tocar, a primeira faixa foi logo To Sheila. Quando a canção acabou, meu pai falou alto: “De novo!”. Desde então, sempre assemelho esta canção a ele, que até passou a gostar um pouco da banda.

BlackPEARL JAM
Meu pai chega em casa com um CD do Pearl Jam, que circulava de mão em mão no escritório no qual ele trabalhava na época. Curiosamente, ninguém sabia quem era o dono do CD, que parou nas mãos do meu pai e, então, nunca mais foi passado para frente. Black, na época, foi a responsável pela minha bronca com a banda, já que meu pai a colocava para tocar incessantemente (ele tem isso em comum com minha mãe) e ainda fazia questão de cantar aquele “tchururu tchu tchururu” no final. Mais revoltante impossível. Atualmente, gosto muito da banda e adoro a canção.

AlwaysBON JOVI
É impossível tentar assemelhar músicas ao meu pai e não se lembrar de Always, afinal sempre sacaneávamos a letra da música e dizíamos que, na verdade, o nome dela era “Oh, Luís!”. Essa brincadeira acabou virando clássica depois que a contamos para outras pessoas e estas disseram que nunca mais conseguiram ouvir a canção sem se lembrarem do Luís.

Jealous GuyJOHN LENNON
Esta é a canção que, não importa aonde e nem quando, faz com que eu me lembre do meu pai automaticamente. O gosto que ele tem por esta canção e a forma com que sempre a ouve é admirável. Ele sempre comenta o quanto gosta de Jealous Guy quando a mesma começa a tocar e sempre a cantamos juntos. A parte do assobio fica por sua conta.

Aninha: minha fêmea. Ela entrou na minha vida há 7 anos durante uma fase muito conturbada e confusa para mim (a boa e velha adolescência) e, desde então, se tornou parte importante da minha existência. Não poderia ter escolhido uma mãe melhor para minha filha. Devo muito a ela pelo que sou hoje.

Heart-Shaped BoxNIRVANA
Não dá para falar dela sem citar o Nirvana, uma banda que nunca fui fã, mas sei o quanto ela gosta. Uma vez, sentados num banco da Avenida Sanitária, quando ainda nem namorávamos, ouvíamos esta canção no discman. Foi, talvez, a primeira vez em que realmente paramos em algum lugar sozinhos apenas para conversar. Lembrar desta época é ótimo e divertido por saber que acabamos ficando juntos de uma forma um tanto inconvencional.

Vento No LitoralLEGIÃO URBANA
Minha fêmea me contou que estava na praia uma vez quando seus pais ligaram falando que haviam brigado. Ela sentou-se na areia e se deparou cantando Vento No Litoral. No Halloween de 2003, estávamos sentados perto à porta de entrada de um show, quando cantei esta música em seu ouvido. Ela sabia que eu estava indo embora. Desde então, esta música possui uma aura ainda mais especial para mim.

Me And Bobby McGeeJANIS JOPLIN
O simples fato desta ou qualquer outra canção da Janis estar aqui é que não há pessoa no mundo melhor que a Aninha para se escutar Janis junto. Uma madrugada chuvosa, calma, no quarto dos fundos, deitados no sofá nos aquecendo com calor humano e ao som extraído do vinil dela me faz querer parar no tempo para sempre.

Mama I’m Coming HomeOZZY OSBOURNE
Um grande exemplo de canção que minha fêmea e eu temos em comum. Sempre parávamos tudo para prestar atenção em Mama I’m Coming Home quando ela começava a tocar e um sempre dizia ao outro o quanto a adorava. Quando tive o prazer de escutar a canção ao vivo em 2007, nunca desejei tanto a presença da minha fêmea como naquele momento, para que pudéssemos apreciar juntos seu próprio criador executando-a a nossa frente.

RelicárioCÁSSIA ELLER/NANDO REIS
É difícil demais falar sobre Relicário, mas ela precisava estar aqui, pois basicamente resume todas as vezes em que fui embora de Montes Claros, a dificuldade da decisão (ou obrigação) e de saber que poderia levar muito tempo para nos vermos novamente. A letra da música era basicamente tudo o que se passava pela minha cabeça na noite antecedente a cada uma de minhas partidas.

(Também não posso me esquecer de citar o “ilustríssimo” Roberto Carlos, que, antigamente, parecia nos perseguir aonde quer que a gente estivesse, nos servindo de trilha sonora quase exclusiva. Virou até piada depois de algum tempo.)

Vicky: minha filha. Falar dela para quem não a conhece é difícil para mim, já que não convivi muito com ela (ainda). Mesmo assim, já tive a oportunidade de me divertir e rir bastante com ela, sobretudo com as coisas que ela profere às vezes que ninguém sabe de onde ela aprendeu. Ela é muito especial em minha vida e espero que ainda tenhamos muito outros momentos legais juntos e que estejamos mais próximos no futuro.

The Crystal ShipTHE DOORS
The Crystal Ship me faz lembrar de minha filhota rescém-nascida, sentada em meu colo, chorando. Quando comecei a cantar a canção para ela, o chorou cessou, seus olhos foram se fechando e sua cabeça foi se abaixando lentamente. A Aninha presenciou o momento e começamos a rir baixo para não acordá-la. Acho que, até hoje, esse foi o meu maior “momento pai”.

Um Girassol Da Cor Do Seu CabeloLÔ BORGES
Esta música jamais teve alguma conexão com a Vicky, mas ela está aqui porque é uma das canções que eu gostaria de ter cantado para ela quando ainda era bem pequena. De alguma forma, passei a associar a canção a ela por transmitir a paz e tranqüilidade que ela precisava quando veio ao mundo.

Yellow SubmarineTHE BEATLES
Minha filha sempre adorou Beatles (“Olha, mamãe, é Beatles!”), mas Yellow Submarine é especial por ser uma música feliz e quase infantil. Certa noite, nós três decidimos assistir ao filme homônimo. Todos estávamos muito quietos durante boa parte do tempo, mas quando o final do filme se aproximava e várias canções eram tocadas em seqüência, Victoria simplesmente fez a festa em cima da cama. Vê-la cantando as músicas é impagável. Foi um momento memorável em família.

Futebol, Mulher & Rock N’ RollDR. SIN
O mais engraçado de tudo é ver a minha filha, que completará 5 anos de vida no mês que vem, cantando Futebol, Mulher & Rock N’ Roll. Ela naturalmente não compreende a ambigüidade da letra ainda, mas adora ouvir a canção e cantar junto. Uma vez, eu e alguns amigos estávamos ensaiando umas canções. Aninha e Vicky estavam presentes neste ensaio e, para descontrair, resolvemos tocar a canção. No momento em que comecei a cantá-la, Vicky se tocou rapidamente do que se tratava e seus olhos chegaram a brilhar na hora.

Scene One: RegressionDREAM THEATER
Foi por causa desta breve faixa que o nome Victoria me atraiu, em 2003. Antes disso, nunca havia parado para pensar em quão lindo este nome é. No mesmo dia em que descobrimos que estávamos grávidos, na véspera de Ano Novo, minha fêmea e eu fomos a uma pizzaria e ouvimos uma mãe chamar sua filha por este nome. Comentamos um com o outro que era um nome lindo e concordamos que, se nossa futura cria fosse uma menina, ela se chamaria Victoria.

Feliz Dia dos Pais a quem o é.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Remoer

Já se faz três semanas que estou de volta a Brasília. Muita coisa aconteceu entre os posts Queen Rocks e Queen Hits, mas não queria falar sobre isso até terminar o projeto. Depois que a segunda parte foi concluída, resolvi tirar alguns dias para refletir sobre mim mesmo, sobre os inúmeros erros que cometi no passado, antes do início das minhas aulas e enquanto não estou trabalhando.

Ao longo dos últimos 8 anos, conheci diversos tipos de pessoas, morei em 6 lugares diferentes e tive contato com diversas culturas. Não me arrependo de nada disto. Adquirir experiências de vida nunca é demais e é ótimo saber que tenho amigos espalhados nestes lugares e que me receberão de braços abertos quando eu for visitá-los.

Contudo, já perdi muitos deles também. Não sei se foi apenas culpa minha, mas não importa. Eu aprendi que a facilidade que tenho em fazer amigos é a mesma que tenho para me desfazer deles. Se eles se tornam inconvenientes para mim, me canso muito rápido. Os poucos que restam são aqueles que nunca me fizeram nada de errado e, com o passar do tempo, vão se tornando pessoas cada vez mais importantes para mim.

Isso tudo se torna tão irônico quando me lembro de que também já fiz mal a alguém e esse alguém não desistiu de mim por isso. E não foi apenas uma vez. Ela demonstrou ter a perseverança que eu gostaria de ter. Me mostrou que, quando o sentimento que temos por alguém é forte, não desistimos tão fácil, mesmo sabendo que às vezes esse poderia ser o caminho mais correto.

Graças a esta pessoa, estou começando a ver a vida com outros olhos. As coisas nunca foram do jeito que eu pensava ser e percebi que tudo o que sabia estava errado. Tive um momento muito difícil, mas sinto que meu coração está aos poucos voltando para seu devido lugar. Um novo capítulo está se abrindo e devo abraçá-lo com todas as forças possíveis, fazer meu melhor sempre e me dedicar mais às pessoas que amo: meus amigos e, sobretudo, minha família.

Muita coisa ruim já aconteceu, e muita coisa boa também. Mas, infelizmente, as pessoas tendem a ignorar as boas e guardar as ruins na memória para sempre. Eu era assim, e estou feliz de ter conseguido deixar isto de lado. O tempo passa muito rápido e não vale a pena perdê-lo com bobagens, sejam estas inofensivas ou graves.

Afinal, o melhor ainda está por vir. Sempre.