“Durante a Grande Busca do Ouro no Alaska, milhares de homens vieram de todas as partes do mundo. Muitos não estavam cientes das dificuldades perante a eles, o frio intenso, a falta de comida – e uma jornada através de regiões de gelo e neve era um problema que os aguardava.”
Assim iniciava-se The Gold Rush (Em Busca Do Ouro), filme de 1925 do mestre Charlie Chaplin. A trama se passa no ano de 1898 e traz o personagem mais icônico de Chaplin, o famoso Vagabundo, retratado aqui como “um prospector solitário”, vagando pelas montanhas geladas do Alaska. Quando uma forte nevasca é iniciada, o Vagabundo e Big Jim, outro prospector que acabara de encontrar uma mina de ouro, se vêem obrigados a buscar refúgio na velha cabana de Black Larsen, procurado pela polícia. A nevasca se estende por dias e os três homens se encontram totalmente famintos e decidem tirar na sorte quem irá partir em busca de comida. O próprio Larsen é “sorteado” e parte para a jornada.
A partir deste momento, as inúmeras cenas clássicas de The Gold Rush perduram até sua conclusão, começando pelo momento no qual Big Jim e o Vagabundo jantam uma das botas cozidas deste último, passando pela hilária cena mostrando Big Jim, alucinado pela fome, imaginando o Vagabundo como um grande frango (aliás, até o desempenho de Chaplin como um frango é digno de aplausos). E tudo o que foi citado até agora é apenas referente à meia-hora inicial do filme.
Outros personagens relevantes são: Hank Curtis – um homem que ajuda o Vagabundo quando este finge desmaio para conseguir uma refeição e o deixa encarregado de sua cabana enquanto parte em uma jornada com seu parceiro –, Jack Cameron, o antipático garanhão pegador de mulheres e Georgia, interesse romântico do Vagabundo.
Aliás, não posso deixar de comentar sobre a personagem Georgia. Freqüentadora assídua de um cabaré e constantemente assediada por Cameron, a moça usa o Vagabundo (que acaba se apaixonando) para poder se livrar momentaneamente do garanhão. Acontece que, durante o filme, temos claras demonstrações de que ela realmente tem uma queda por Cameron e julga que a melhor forma de demonstrá-lo é fazer cu-doce até que este perca a paciência. Em certo momento, Georgia responde positivamente quando Cameron a pergunta se ela o ama, apenas para se sentir mal quando percebe que fez uma brincadeira de mau gosto com o Vagabundo, culminando em mais cu-doce. Inclusive, este é um raro momento da projeção no qual Georgia demonstra algum afeto pelo Vagabundo, já que em grande parte do tempo ela apenas o provoca e, quando ele sai de cena, é zombado por ela e suas amigas. Mesmo tendo ficado profundamente triste (a expressão de Chaplin ao abrir a porta da cabana e perceber que não há absolutamente nada lá fora é tocante), o Vagabundo não pensa duas vezes quando o fazem crer que Georgia se arrependeu da “brincadeira” e vai correndo atrás da vagaba, num claro exemplo de quão malditas são as mulheres, que possuem o dom de transformar homens em simples capachos.
E já que falei sobre Georgia, não posso deixar de comentar sobre Big Jim, personagem fundamental da história que, a princípio, pode ser encarado como um sujeito antipático e egoísta. Porém, no decorrer da narrativa, percebe-se gradualmente que ele é um homem do bem (apesar de tentar matar o “frango” em prol de seu estômago) e, ao lado do Vagabundo, protagoniza as melhores cenas de The Gold Rush.
Tracemos, então, um breve perfil do Vagabundo. O protagonista de 90% dos trabalhos de Charlie Chaplin é um andarilho que sobrevive graças a sua esperteza, bajula outras pessoas para seu próprio bem e é apaixonado pelas mulheres. Não ouvimos a sua voz, mas ele fala com os outros personagens. Medroso em muitos casos, mas fica irado quando o bicho pega pro lado de quem ele ama (quem já assistiu The Kid – O Garoto –, sabe do que estou falando). Apesar de simplório, é um grande cavalheiro que sabe valorizar as pequenas coisas da vida e as pessoas que ela nos traz. Tem problemas com a Lei o tempo todo, mas nunca é realmente culpado. Mais atrapalhado e divertido, impossível. Enfim, são tantas as características do Vagabundo que eu poderia consumir uma página inteira falando sobre elas, mas me limito a citar apenas algumas de minhas preferidas.
Falar da parte técnica de qualquer filme de Chaplin é desnecessário. Afinal, um gênio que escreve, produz e dirige seus próprios filmes (além de atuar e compor a trilha sonora) há de fazer um trabalho realmente impecável. Chaplin estava em um grande momento de sua carreira e isto se reflete em outras grandes cenas como a da famosa “dança dos pães” e da cabana equilibrando-se na beira de um penhasco. Minha única reclamação é justamente o desfecho da história, que acontece de maneira óbvia e muito conveniente, mas nada que tire o mérito alcançado em The Gold Rush, uma clara demonstração de talento do maior mestre da história do Cinema mundial e um prenúncio do que seriam suas obras-primas definitivas.
Assim iniciava-se The Gold Rush (Em Busca Do Ouro), filme de 1925 do mestre Charlie Chaplin. A trama se passa no ano de 1898 e traz o personagem mais icônico de Chaplin, o famoso Vagabundo, retratado aqui como “um prospector solitário”, vagando pelas montanhas geladas do Alaska. Quando uma forte nevasca é iniciada, o Vagabundo e Big Jim, outro prospector que acabara de encontrar uma mina de ouro, se vêem obrigados a buscar refúgio na velha cabana de Black Larsen, procurado pela polícia. A nevasca se estende por dias e os três homens se encontram totalmente famintos e decidem tirar na sorte quem irá partir em busca de comida. O próprio Larsen é “sorteado” e parte para a jornada.
A partir deste momento, as inúmeras cenas clássicas de The Gold Rush perduram até sua conclusão, começando pelo momento no qual Big Jim e o Vagabundo jantam uma das botas cozidas deste último, passando pela hilária cena mostrando Big Jim, alucinado pela fome, imaginando o Vagabundo como um grande frango (aliás, até o desempenho de Chaplin como um frango é digno de aplausos). E tudo o que foi citado até agora é apenas referente à meia-hora inicial do filme.
Outros personagens relevantes são: Hank Curtis – um homem que ajuda o Vagabundo quando este finge desmaio para conseguir uma refeição e o deixa encarregado de sua cabana enquanto parte em uma jornada com seu parceiro –, Jack Cameron, o antipático garanhão pegador de mulheres e Georgia, interesse romântico do Vagabundo.
Aliás, não posso deixar de comentar sobre a personagem Georgia. Freqüentadora assídua de um cabaré e constantemente assediada por Cameron, a moça usa o Vagabundo (que acaba se apaixonando) para poder se livrar momentaneamente do garanhão. Acontece que, durante o filme, temos claras demonstrações de que ela realmente tem uma queda por Cameron e julga que a melhor forma de demonstrá-lo é fazer cu-doce até que este perca a paciência. Em certo momento, Georgia responde positivamente quando Cameron a pergunta se ela o ama, apenas para se sentir mal quando percebe que fez uma brincadeira de mau gosto com o Vagabundo, culminando em mais cu-doce. Inclusive, este é um raro momento da projeção no qual Georgia demonstra algum afeto pelo Vagabundo, já que em grande parte do tempo ela apenas o provoca e, quando ele sai de cena, é zombado por ela e suas amigas. Mesmo tendo ficado profundamente triste (a expressão de Chaplin ao abrir a porta da cabana e perceber que não há absolutamente nada lá fora é tocante), o Vagabundo não pensa duas vezes quando o fazem crer que Georgia se arrependeu da “brincadeira” e vai correndo atrás da vagaba, num claro exemplo de quão malditas são as mulheres, que possuem o dom de transformar homens em simples capachos.
E já que falei sobre Georgia, não posso deixar de comentar sobre Big Jim, personagem fundamental da história que, a princípio, pode ser encarado como um sujeito antipático e egoísta. Porém, no decorrer da narrativa, percebe-se gradualmente que ele é um homem do bem (apesar de tentar matar o “frango” em prol de seu estômago) e, ao lado do Vagabundo, protagoniza as melhores cenas de The Gold Rush.
Tracemos, então, um breve perfil do Vagabundo. O protagonista de 90% dos trabalhos de Charlie Chaplin é um andarilho que sobrevive graças a sua esperteza, bajula outras pessoas para seu próprio bem e é apaixonado pelas mulheres. Não ouvimos a sua voz, mas ele fala com os outros personagens. Medroso em muitos casos, mas fica irado quando o bicho pega pro lado de quem ele ama (quem já assistiu The Kid – O Garoto –, sabe do que estou falando). Apesar de simplório, é um grande cavalheiro que sabe valorizar as pequenas coisas da vida e as pessoas que ela nos traz. Tem problemas com a Lei o tempo todo, mas nunca é realmente culpado. Mais atrapalhado e divertido, impossível. Enfim, são tantas as características do Vagabundo que eu poderia consumir uma página inteira falando sobre elas, mas me limito a citar apenas algumas de minhas preferidas.
Falar da parte técnica de qualquer filme de Chaplin é desnecessário. Afinal, um gênio que escreve, produz e dirige seus próprios filmes (além de atuar e compor a trilha sonora) há de fazer um trabalho realmente impecável. Chaplin estava em um grande momento de sua carreira e isto se reflete em outras grandes cenas como a da famosa “dança dos pães” e da cabana equilibrando-se na beira de um penhasco. Minha única reclamação é justamente o desfecho da história, que acontece de maneira óbvia e muito conveniente, mas nada que tire o mérito alcançado em The Gold Rush, uma clara demonstração de talento do maior mestre da história do Cinema mundial e um prenúncio do que seriam suas obras-primas definitivas.