quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

As Abóboras Smagadas: Parte I

Atendendo aos discretos pedidos, decidi dedicar alguns posts exclusivamente aos Smashing Pumpkins. A banda foi fundada no ano de 1988 em Chicago quando o guitarrista e vocalista Billy Corgan conheceu o guitarrista James Iha. Logo começaram a compor juntos com o auxílio de uma bateria eletrônica. D’Arcy Wretzky conheceu Corgan pouco tempo depois e juntou-se a eles como baixista. Após uma apresentação, foram convidados pelo dono da casa de shows Cabaret Metro para tocarem com a condição de substituírem a bateria eletrônica por um baterista de verdade. Por indicação de um amigo de Corgan, Jimmy Chamberlin, baterista de Jazz desempregado, foi recrutado, solidificando a mais famosa e estável formação da banda, ainda em 1988.

Os Smashing Pumpkins são famosos por sua discografia bastante variada. Seus primeiros álbuns eram calcados em Rock Alternativo com um peso maior que o habitual. Após 1997, a tendência se tornou mais eletrônica, mesmo não abandonando a temática lírica melancólica, uma das características mais marcantes de Billy Corgan na época. Ao se redirecionar ao Rock pesado após diversas críticas e fracassos comerciais, a criatividade da banda e o mercado fonográfico já não eram mais os mesmos, fazendo com que os Smashing Pumpkins encerrassem suas atividades ao final de 2000.

Desta vez, optei por não fazer uma matéria gigantesca sobre a discografia da banda, tendo em vista que os Smashing Pumpkins possuem cerca de 500 músicas (entre versões definitivas, alternativas e demos) em seu catálogo, sendo, provavelmente, a banda que mais produziu canções na história da Música mundial e, para ser sincero, creio conhecer apenas 30% delas. Meu maior conhecimento sobre o catálogo dos Smashing Pumpkins é justamente o foco nos álbuns de estúdio, os quais comentarei não em ordem cronológica de lançamento, e sim na ordem na qual eu os conheci.

MELLON COLLIE AND THE INFINITE SADNESS (1995) Dawn To Dusk

Lembro-me perfeitamente da primeira vez em que ouvi a banda. Um dia, quando morava em Belo Horizonte, fui visitar uns parentes. Uma de minhas tias possuía cópias de Mellon Collie And The Infinite Sadness e Adore. Perguntei-a se a banda era boa (uma amiga já a tinha me recomendado) e ela respondeu positivamente. Pedi a ela que me emprestasse os CDs para uma detalhada apreciação e ela concordou com a condição de que eu ouvisse Mellon Collie primeiro. Ao chegar em casa, meu pai estava em meu quarto usando o computador. Mostrei a ele os CDs e perguntei-lhe se conhecia a banda. Ele afirmou que sim, porém negou gostar da mesma. Isto não diminuiu minha empolgação e fui logo inserindo o disco Dawn To Dusk no estéreo.

Quando a introdução Mellon Collie And The Infinite Sadness começou a tocar, logo prendi minha atenção pela beleza, simplicidade e melancolia (fatores comuns em todos os trabalhos da banda) da faixa instrumental. Tonight, Tonight surgiu em cena com seus arranjos belíssimos de orquestra e, quando a voz de Billy Corgan apareceu, lembrei-me prontamente de Mick Jagger. Acompanhando a letra da canção pelo encarte do CD, me apaixonei pela mesma instantaneamente. Tonight, Tonight falava de esperança em uma época em que eu me sentia completamente sozinho e perdido em mim mesmo (sim, eu era um típico adolescente). O peso brutal das guitarras de Jellybelly me deixou embasbacado. Não fazia idéia até então de quão pesados os Smashing Pumpkins poderiam ser. Nesta canção pode-se perceber a grande quantidade de camadas de guitarra que a banda usava no estúdio em seus maiores momentos de distorção. Zero continua com o peso do álbum, embora em ritmo mais cadenciado se comparada à canção anterior. Ao ouvir Here Is No Why, me dei conta de que estava apreciando um som diferente, de uma banda ambiciosa e amplamente criativa. Isto só se reforçou ainda mais pela fantástica Bullet With Butterfly Wings, com seu refrão marcante e raivoso. Nunca havia sentido tanto prazer ao som de guitarras distorcidas. Esta canção foi a minha preferida do álbum durante um bom tempo e ainda a considero uma das mais marcantes da carreira dos Smashing Pumpkins. Para quebrar a seqüência indefectível de porradas sonoras, a balada To Forgive manteve o nível de qualidade nas alturas enquanto deu um descanso aos meus ouvidos extasiados.

Um dos meus títulos de canções preferidos é Fuck You (An Ode To No-One) e, neste caso, ele faz jus a ela. Fuck You já começa tensa e culmina bruta. Foi nesta faixa que reparei as grandes habilidades de Jimmy Chamberlin na bateria, com suas inúmeras viradas e energia intensa. Um excelente baterista. Love traz sonoridades eletrônicas, efeitos diferentes nas guitarras e distorção na voz de Corgan e é uma canção interessante justamente por ser diferente das demais. Outra que surge diferente é Cupid De Locke, guiada por dedilhados na harpa. Esta faixa é ótima para se ouvir fumando um cigarro e olhando para as estrelas no meio da madrugada. Galapogos é uma das melhores baladas do álbum, com pitadas de peso em sua segunda metade. Muzzle é outra canção que chamou minha atenção imediatamente na primeira vez em que ouvi Mellon Collie. O instrumental e as melodias vocais fizeram com que eu repetisse a música para acompanhá-la com sua letra depressiva sobre perdas e danos. Outra das melhores do álbum e, talvez, a que mais marcou o confuso momento no qual eu passei em Belo Horizonte. Porcelina Of The Vast Oceans é o maior épico do álbum com seus mais de 9 minutos de duração, embora a canção só comece realmente após os dois minutos iniciais, onde há apenas uma base crescente. O resto se divide em partes cadenciadas suaves com outras mais pesadas e rápidas. O disco Dawn To Dusk encerra-se com Take Me Down, uma balada bem calma e interessante composta e cantada por James Iha. Momento único em um álbum dos Smashing Pumpkins.

5 comentários:

  1. Ohhhhhhhhhhhhhhh, Smashing à pedidos, rsrs....

    aaaaaaaaaiiiiiin, calma aí... não atualiza ainda não, ihuhiuhiuhhih...

    to sem tempo nenhum pra net com o lance da formatura... só vou comentar decentemente depois q eu puder parar pra ler, tah?! Depois de sábadoooo ;)


    bjim, bjim

    =******************

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  2. Cara, ler esse post cuidadosamente prestando atenção em cada detalhe à medida que eu ia escutando as músicas foi, simplesmente, mágico.

    O mais interessante foi a descrição das suas "emoções" ao escutar cada música. Foi o que tornou o texto mais envolvente!

    Até então, virei fã da banda. É mais um álbum que eu vou querer que você me passe!

    Realmente, eles são ambiciosos e o estilo das músicas tem uma variável bem inconstante.

    Em algumas músicas só ouvi boa parte, não o total... Mas devo declarar que Jellybelly foi a mais apaixonante, Cupid De Locke é ótima pra ouvir quando você está naquele estado semi-consciente quaaase dormindo, Galapogos me deixou meio entorpecida, Muzzle tem um vocal encantador, Porcelina Of The Vast Oceans me surpreendeu porque no início não parecia grande coisa e Take Me Down tem uma letra "supimpa". =D

    Em resumo, adorei. Em breve leio, 'escuto' e comento a segunda parte.

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  3. Correção: São mais alguns álbuns que vou querer que você me passe, não só um.

    E preciso ressaltar de novo, Jellybelly é a minha preferida.

    Beijão, trem. ;*

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