quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Luke Strike: Cena X

Por falta de tempo para escrever para o blog, resolvi postar uma cena que escrevi para a aula de Oficina de Roteiro Audiovisual. Infelizmente não foi possível formatar aqui o roteiro exatamente como ele deve ser, mas a proposta permanece intacta.
CENA X – INT. NOITE (CASA)

Luke está em seu quarto. É noite e todas as luzes de sua casa estão apagadas, exceto a luminária que auxilia sua escrita sobre a escrivaninha cheia de objetos e materiais. O silêncio predomina em toda a casa. Ao olhar para a folha de papel em branco, Luke se dá conta de que não está em um bom momento de inspiração. Segurando a caneta com sua mão direita, passa a mão esquerda por seu rosto a fim de encontrar soluções para seu bloqueio criativo.

Luke larga a caneta, levanta-se, caminha lentamente em direção ao interruptor de luz, acendendo-a, e segue em direção à sua coleção de vinis. Dedilhando os álbuns, opta por The Lamb Lies Down On Broadway. Remove o segundo disco do álbum, pressiona o botão de energia de seu estéreo, levanta a tampa da vitrola, insere o disco e coloca a agulha sobre o mesmo. Quando Lilywhite Lilith se inicia, Luke volta para sua escrivaninha, senta-se na cadeira e pega sua caneta novamente.

Quando sentia que sua inspiração estava voltando, o braço direito de Luke contendo a caneta repousa sobre a folha de papel. Ao encostar sua caneta no papel para começar a escrever, ouve o barulho do som da campainha de sua casa. Faz cara de impaciência, larga novamente e caneta, levanta-se, sai do quarto e liga algumas luzes da casa que auxiliam sua direção à porta da frente.

Ao abrir a porta, Luke se surpreende ao ver Elektra.

LUKE
Elektra?
ELEKTRA
Oi, Luke.
LUKE
O que faz aqui?
ELEKTRA
Estou com muita dificuldade para fazer o texto que a professora Fletcher pediu. Sei que você gosta muito de escrever, então pensei se poderia me ajudar.
LUKE
Quando é o prazo para a entrega?
ELEKTRA
Segunda-feira.

Luke olha para o lado esquerdo e fica reflexivo por alguns segundos.

ELEKTRA
Por favor! Esta é a última chance que tenho para conseguir me livrar da disciplina dela!

Luke percebe que o desespero de Elektra é genuíno, abaixa a cabeça, olha para baixo, reflete por mais alguns segundos, respira fundo, ergue a cabeça e olha para ela.

LUKE
Tudo bem. Irei ajudá-la, mas no momento estou muito ocupado. Volte amanhã neste mesmo horário.

Elektra respira aliviada e abre um sorriso.

ELEKTRA
Muito obrigada, Luke. Você não faz idéia do quanto isto é importante para mim.
LUKE
Não há de quê.

Os dois se encaram por alguns segundos, sem dizer uma palavra.

ELEKTRA
Então é isso. Não irei mais incomodá-lo. Virei aqui amanhã como combinamos.
LUKE
Tudo bem. Boa noite.
ELEKTRA
Tchau.

Elektra dá meia-volta e começa a caminhar, enquanto Luke permanece na entrada de sua casa olhando para ela.

LUKE
Você...

Elektra então pára, dá outra meia-volta e olha para Luke.

LUKE
...gostaria de entrar por um momento?

Elektra abre um sorriso, ainda olhando para Luke.

ELEKTRA
Adoraria.

Luke então sorri discretamente, abre a porta da frente completamente, ainda olhando para Elektra, que começa a caminhar em direção à porta. Ao passar pela porta e ao lado de Luke, os dois trocam um intenso olhar. Luke continua a olhar para Elektra enquanto fecha a porta.

LUKE
Fique à vontade. Gostaria de beber alguma coisa?
ELEKTRA
Apenas um copo d’água, por favor.
LUKE
Já volto.

Luke então se dirige para a cozinha, enquanto Elektra se senta no sofá da sala e percebe a música vinda do quarto de Luke. Luke regressa com um copo d’água na mão direita e o entrega para Elektra, que sorri novamente.

ELEKTRA
Obrigada.

Luke senta-se no sofá de frente ao que Elektra se encontra. Debruça-se, entrelaça os dedos das mãos e fica olhando para um ponto do chão. Elektra, ao perceber seu nervosismo, tenta deixá-lo mais à vontade.

ELEKTRA
Não sabia que você gostava de Genesis. Costuma se inspirar na música para escrever?
LUKE
Quando minha inspiração não flui naturalmente, sim.
ELEKTRA
Costumo me inspirar em Bob Dylan para escrever.
LUKE
Por isso você tem dificuldade para tal.

Elektra sorri para Luke, que sorri para ela de volta. Ambos abaixam a cabeça enquanto riem.

ELEKTRA
Eu não acredito que estou aqui, em sua casa.
LUKE
Por que é tão difícil de acreditar?
ELEKTRA
Nos conhecemos desde o início do segundo grau e, exceto por algumas vezes em que trocamos olhares distantes ou dissemos “olá” um para o outro, nunca chegamos realmente a conversar.
LUKE
De fato.
ELEKTRA
Poderíamos ter nos tornado grandes amigos.
LUKE
É, poderíamos.
ELEKTRA
Estamos perto da formatura.
LUKE
Já decidiu o que fará do futuro?
ELEKTRA
Ainda não. Talvez estude para ser uma fotógrafa profissional.
LUKE
É uma bela profissão. Combina com você.

Elektra sorri timidamente e olha para o lado. Olha novamente para Luke.

ELEKTRA
E você? O que acha que a vida o reserva?
LUKE
Quero apenas escrever sobre o que gosto e apreciar o trabalho de outras pessoas.
ELEKTRA
E sobre o que está tentando escrever agora?
LUKE
O vazio que a solidão me traz.

Elektra adquire imediatamente uma expressão triste. Luke continua olhando para ela, mudo. Elektra coloca o copo já vazio sobre a mesinha em frente ao sofá.

ELEKTRA
É melhor eu ir agora.

Elektra se levanta do sofá. Luke levanta-se logo em seguida. Ambos caminham em direção à porta. Luke a abre lentamente para que Elektra possa sair.

ELEKTRA
Obrigada por ter me convidado a entrar.

Luke apenas afirma gesticulando a cabeça, olhando para Elektra.

ELEKTRA
Então, até amanhã.
LUKE
Até.

Elektra sai da casa. Luke fecha a porta e segue para a janela, se escondendo atrás da cortina minimamente aberta, observando Elektra ir embora. Elektra, ao dar alguns passos, se distanciando da casa, olha para trás, em direção à porta, ainda com uma expressão de tristeza. Luke segue olhando firmemente para ela. Elektra volta a olhar para frente e segue seu caminho. Luke dá um leve sorriso e fecha a cortina completamente.

3 comentários:

  1. Fiquei imaginando seu personagem Luke com as expressões dramáticas de Dr. House ou quem sabe um mestre Jedi! Luke é apaixonado por Elektra? Se eu fosse Elektra pediria um Gym com tônica!
    Ah que bom que você achou a Nomad Adjunction, e eu estava procurando você! Falar de dor e de amor pode virar dramalhão mexicano ou novela da Globo? Vamos escrever e produzir, é a nossa missão amigão!

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  2. é... faltou a coca... e um cigarr pra acabar a tristeza!! Yeah,.. rsrrsrsrs

    Tayná, né?? rsrsrs

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