sexta-feira, 18 de junho de 2010

Queen Rocks

Para ser apreciado no talo e sem moderação:

Todas as vezes em que me encontrei em uma roda de amigos trocando idéias sobre qual foi a grande banda dos anos 70 acabavam em discussão. O fato era que 99% deles sempre votavam no Led Zeppelin, Black Sabbath ou, até mesmo, no Pink Floyd. Eu sempre adorei estas bandas. Como Pink Floyd acompanha minha vida desde quando nasci, sempre tive um carinho especial por ela. Led Zeppelin e Black Sabbath entraram em minha vida com o passar dos anos, numa época em que estava à procura de sons mais pesados, e continuam sendo algumas de minhas bandas favoritas.

Porém, em 2000, quando conheci o Queen através de meu primo (e grande amigo) Farley, percebi que tinha descoberto algo totalmente diferente. A banda tinha tudo o que as outras citadas acima apresentavam, e ainda mais: uma discografia bastante variada, passando pelo Heavy Metal/Hard Rock dos primeiros álbuns até o Rock N’ Roll/Pop dos últimos. Esta última fase da banda é, de fato, a mais famosa, então não é à toa que muitos pensem que Queen se resume apenas a hits como I Want To Break Free, Radio Ga Ga, Under Pressure, A Kind Of Magic, Another One Bites The Dust, entre outros. Assim sendo, quando digo às pessoas que acho Queen bem melhor que Led Zeppelin, elas sentem vontade de voar em meu pescoço. A verdade é que, em sua melhor (e menos famosa) fase, nos anos 70, o Queen lançou apenas trabalhos que beiram à perfeição e ao limite da criatividade e, mesmo assim, sempre foi uma banda um tanto injustiçada quando comparada a outras que realmente nunca mereceram tanto destaque e reconhecimento quanto tiveram, como Kiss e AC/DC.

O começo de tudo foi a banda Smile, formada pelo guitarrista Brian May (também responsável pelos vocais) e pelo baixista Tim Staffell em 1968. Roger Taylor, baterista, após ler um anúncio no mural da faculdade em que estudava e fazer uma audição, logo entrou na banda. Freddie Mercury (que, naquela época, ainda usava seu nome verdadeiro, Farrokh Bulsara) conheceu May e Taylor através de Staffell, que era seu amigo e colega de faculdade. Após a saída de Staffell do Smile, ao final de 1970, Mercury se juntou aos membros remanescentes como vocalista e mudou o nome da banda para Queen. Já em 1971, após testarem vários baixistas diferentes, optaram por John Deacon e, assim, completaram a formação que duraria pelos próximos 20 anos.

QUEEN (1973)
Como a banda ainda não tinha total controle sobre suas gravações, fizeram um álbum bastante cru e pesado, com grandes doses de Heavy Metal e Hard Rock, encontradas logo de cara na primeira música, Keep Yourself Alive, a mais famosa do disco. Logo nesta, já podemos perceber a riqueza do som da banda, com inúmeras camadas de guitarras e vocais (algo que se tornou muito comum no Queen do início de carreira). Doing All Right, a princípio, parece uma linda balada levada ao piano e à linda voz de Mercury, com ótimos momentos também ao violão para, assim, poder culminar na quebradeira típica presente em todo o álbum. A terceira faixa, Great King Rat, com seu ritmo cavalgado, variações, solos e um refrão empolgante, revela-se uma das melhores. My Fairy King é a perfeita demonstração de como soaria o álbum seguinte, com toda a sua base calcada ao piano e, em algumas passagens, nas várias camadas de guitarra de Brian May. É com Liar que o Heavy Metal dá as caras com maior força em Queen, com notáveis variações rítmicas, sendo talvez a música mais complexa do álbum, além de ser a mais longa e, sem dúvidas, a melhor. The Night Comes Down se inicia com o que parece soar como uma jam session guiada pelo baixo de Deacon, mostrando-se, posteriormente, uma linda balada. A única música cantada e escrita por Taylor no álbum, Modern Times Rock N’ Roll, é tudo o que o título sugere em pouco menos de 2 minutos de duração, ou seja, porrada nas orelhas. Son And Daughter traz, provavelmente, o melhor riff de baixo e guitarra no álbum, em uma levada mais cadenciada e um vocal mais agressivo da parte de Mercury. A penúltima faixa, Jesus, também começa cadenciada, porém o peso e a complexidade aparecem com bastante força em sua segunda metade. O excelente debut do Queen se encerra com a versão mais curta e instrumental de Seven Seas Of Rhye, que foi concluída apenas durante o período de composição e gravação do álbum Queen II.

QUEEN II (1974)
Devido à boa aceitação de crítica e público do álbum de estréia, o Queen logo conseguiu moral com a gravadora, que se dispôs a atender todas as necessidades de gravação da banda. Com isso, Queen II, além de ser meu preferido de toda a carreira do Queen, é um dos trabalhos mais complexos de sua discografia. Como era a época do LP, cada lado do álbum ganhou um nome. O primeiro, chamado de White Queen, foi composto quase que inteiramente por Brian May, e inicia-se com a introdução Procession, abrindo espaço para a excelente Father To Son, uma das melhores faixas épicas da banda e, talvez, a melhor do álbum. Excelente Heavy Metal do início ao fim, especialmente em sua passagem instrumental, no meio da música, onde os riffs e solos de guitarra predominam livremente. Após a porrada desta faixa, White Queen (As It Began) apresenta um clima melancólico poucas vezes feito com tanta maestria por uma banda e, ainda assim, culmina em momentos pesados. Uma linda balada que reflete na próxima faixa, Some Day One Day, cantada por May e guiada por violão, com as guitarras dando apenas o clima necessário da faixa, em melodias e solos, mantendo sempre um tom de tranqüilidade, que vai embora quando se inicia a única composição de Taylor em Queen II, The Loser In The End, cantada pelo próprio. A faixa traz um Rock N’ Roll cadenciado, porém com bastante peso, reforçado pela voz áspera e agressiva do baterista, encerrando o lado White Queen com perfeição. Black Queen, o segundo lado de Queen II, foi completamente composto por Mercury e é uma pequena Opera Rock, sendo o Heavy Metal mesclado com Música Clássica e arranjos ainda mais complexos. O início se dá com a pesadíssima Ogre Battle, com um excelente trabalho feito pelos músicos e pelo excelente riff de guitarra criado por Mercury que, aliás, utilizou o instrumento para compor a música inteira. The Fairy Feller’s Master-Stroke traz outra composição intrincada e rica em detalhes, distribuídos perfeitamente no formato Stereo, sendo melhor apreciados em fones de ouvido. O piano que encerra a composição também inicia Nevermore, uma pequena-obra prima de pouco mais de um minuto que traz o momento mais belo de todo o álbum. A grande composição deste lado de Queen II é a faixa The March Of The Black Queen, cuidadosamente construída em suas diversas variações, auxiliadas pelas brilhantes camadas vocais e o piano predominante em toda a canção. A faixa Funny How Love Is não possui grandes mudanças rítmicas e parece um longo refrão feliz, encerrando a seqüência musical contínua (chamada comumente de suíte) iniciada em Ogre Battle. Assim como ocorreu no álbum de estréia, Queen II encerra-se com Seven Seas Of Rhye, desta vez em sua versão completa, incluindo letras e até passagens ausentes na versão original. O motivo desta música não fazer parte da suíte de Black Queen é o fato de ela ter sido idealizada com um single do álbum. Uma faixa pesada e direta, perfeita para o desfecho desta obra-prima do Heavy Metal.

SHEER HEART ATTACK (1974)
A criatividade do Queen parecia não ter limites. Ainda em 1974, a banda lança este que foi o álbum que abriu as portas da banda para o mundo, algo que ficaria ainda mais evidente no álbum seguinte. Sheer Heart Attack começa com Brighton Rock, com sons circenses que culminam num autêntico Rock N’ Roll, sendo que as letras possuem um diálogo entre um homem e uma mulher, com Mercury fazendo as vozes de ambos com perfeição. O grande destaque da faixa é a longa passagem instrumental dominada pelas guitarras de May que, ao vivo, utilizava esta mesma passagem para realizar seu solo. Um dos maiores clássicos da banda, Killer Queen, traz uma ótima melodia no piano, sendo uma canção mais leve e cadenciada, além de uma das mais divertidas em toda a história do Queen. O que se segue é uma suíte de três músicas, iniciada com Tenement Funster, escrita e cantada por Taylor. Começando com um belo dedilhado em violão, a canção rapidamente se torna um Rock cadenciado aonde todos os instrumentos, inclusive piano, criam um conjunto sonoro magnífico. A suíte continua com Flick Of The Wrist, com ares de Rock Progressivo e um ótimo andamento para os versos e refrãos, e termina belamente com a balada Lily Of The Valley, com lindas melodias de voz e piano. Outra das músicas mais famosas do Queen, Now I’m Here, foi escrita por May quando este se encontrava em um quarto de hospital se recuperando de hepatite, enquanto a banda havia dado início às gravações do álbum (muitas músicas de Sheer Heart Attack foram gravadas sem a presença de May, porém a banda deixou várias seções das mesmas livres para que ele pudesse gravar suas partes posteriormente). Esta é a faixa perfeita para resumir o álbum, já mostrando um Queen mais Hard Rock e menos Heavy Metal, além de ser uma das favoritas ao vivo. In The Lap Of The Gods traz uma grande influência clássica, com vocais graves de Mercury, abrindo espaço para Stone Cold Crazy, o momento mais pesado de Sheer Heart Attack e uma das mais agressivas da carreira da banda. Grande clássico do Rock N’ Roll, foi a primeira música assinada pelos quatro integrantes da banda. Dear Friends é uma breve canção de ninar. Muito bela, por sinal. A alegria chega com Misfire, a primeira canção composta pelo baixista John Deacon a aparecer em um álbum do Queen. Bring Back That Leroy Brown traz a velha complexidade típica da banda ao longo da década, com seu andamento veloz e arranjos de piano bastante trabalhados. Outra das mais divertidas do álbum. She Makes Me (Stormtrooper In Stilettos) é cantada por May e traz o momento menos empolgante de Sheer Heart Attack, devido às poucas variações em 4 minutos de música. Ainda assim, uma música interessante. O grand finale é nada menos do que In The Lap Of The Gods... Revisited que, apesar de seu título dar a impressão de reprise ou seqüência, nada tem a ver com a primeira. Uma balada calma que vai crescendo gradativamente: os primeiros refrãos, cantados apenas por Mercury, logo se transformam em um coro intenso de vozes com a ajuda de Taylor e May, tornando esta a melhor faixa de encerramento na discografia do Queen nos anos 70.

A NIGHT AT THE OPERA (1975)
Mesmo o álbum anterior sendo um grande sucesso, a grande explosão veio com A Night At The Opera, considerado o maior clássico da carreira do Queen e meu segundo preferido, atrás apenas de Queen II. É tão complexamente gravado que assumiu o posto de álbum mais caro da história na época. A Night At The Opera já começa com arpejos complexos no piano, anunciando a excelente Death On Two Legs (Dedicated To...), uma canção de peso que, dizem, foi composta por Mercury em “homenagem” ao antigo empresário da banda, com uma letra bastante ácida e um vocal agressivo. Sem dúvida, um início perfeito ao maior clássico da banda. Para aliviar a tensão, Lazing On A Sunday Afternoon traz um clima descontraído, dando a impressão de ser uma gravação muito antiga (devido ao vocal) com pouco mais de um minuto de duração. Rapidamente, I’m In Love With My Car começa já com bastante peso e, assim, somos apresentados à melhor e mais famosa composição de Taylor cantada pelo próprio. (Tenho um carinho especial por esta música, pois marcou um momento em minha vida no qual eu estava apaixonado pelo ex-carro da minha mãe, um Siena Fire de cor prata, chegando a causar ciúmes em minha fêmea.) Após esta magnífica composição, temos mais um hit, You’re My Best Friend, composta por Deacon, que também executa o piano elétrico. Se comparada a Misfire, do álbum anterior, esta mostra uma grande evolução de Deacon como compositor, algo que se consolidaria no futuro. ’39 é uma linda canção semi-acústica cantada por May (porém, ao vivo, os vocais principais eram feitos por Mercury), auxiliado pela grande quantidade de vozes em diversos momentos. O bom e velho peso volta com a pegada do Classic Rock em Sweet Lady, alternando com Hard Rock em certos momentos, especialmente em sua parte final. Outra grande música. Seaside Rendezvous é uma canção alegre que se destaca pelos solos feitos por Mercury e Taylor com suas próprias bocas, chegando até a ser engraçado por vezes. Bem no estilo de Lazing On A Sunday Afternoon. O maior épico do álbum, The Prophet’s Song inicia-se calmamente com violões e cresce gradativamente até se transformar no Heavy Metal tão característico dos dois primeiros álbuns, culminando num dos momentos mais interessantes de A Night At The Opera: uma passagem feita apenas por vozes e ecos, no meio da música, criando belas harmonias, que dura cerca de 2 minutos e meio, para depois voltar para o peso e encerrar a canção da forma como ela começou, com um calmo violão dando espaço para outro grande momento do álbum. Chegava a vez de Love Of My Life, a canção composta por Mercury que quase todos os leigos em Queen acham que é do Scorpions. A verdade é que Scorpions não é uma banda tão talentosa assim. A beleza encontrada na fusão entre piano, violão, harpa, vocal e letras era algo que só o Queen poderia prover. Ao vivo, a trabalhada parte instrumental era executada apenas com um violão de 12 cordas, com o público participando ativamente nas partes cantadas. Good Company é o intervalo entre as grandiosidades encontradas na segunda metade do álbum, sendo mais descontraída e cantada por May. O momento derradeiro, o maior clássico do Queen, a melhor música de todos os tempos na Inglaterra, com passagens complexas demais para serem executadas ao vivo, se inicia logo com uma grande camada de vozes, dividindo espaço com o piano logo em seguida. Um ritmo cadenciado toma conta da música até se transformar em uma fantástica e intrincada ópera com dezenas de vozes feitas por Mercury, May e Taylor e, então, desbancar no Heavy Metal em seu ato final. Esta é Bohemian Rhapsody, a grande composição de Freddie Mercury e o número mais esperado nos shows da banda, que não tocava a canção inteira devido a sua complexidade (a introdução era removida e a parte da ópera era tocada em playback). O video clip da música também foi revolucionário na época. God Save The Queen, hino nacional do Reino Unido, em uma versão instrumental breve e executada por guitarras e percussão, encerra A Night At The Opera. Esta mesma faixa passou a ser executada (também em playback) ao final de cada show da banda. Uma grande forma de se encerrar um espetáculo seja ele ao vivo ou gravado em estúdio.

A DAY AT THE RACES (1976)
O Queen havia alcançado tudo o que buscava em A Night At The Opera e, ainda assim, manteve um grande padrão de qualidade pelos próximos três álbuns, a começar por A Day At The Races. Após uma introdução de aproximadamente um minuto, o pau já quebra com o Hard Rock de Tie Your Mother Down, uma das melhores faixas pesadas da banda (a maioria delas sendo de autoria de Brian May) e grande favorita nos shows, devido ao seu ritmo contagiante. Excelente escolha para abrir o álbum. Para acalmar os ânimos, uma balada levada pelo piano e belos vocais se segue com You Take My Breath Away, onde Mercury tem bastante espaço para desfilar sua perfeita voz. Tão linda quanto Love Of My Life, do álbum anterior. Long Away é uma daquelas canções descontraídas e divertidas de se ouvir, cantada por May, enquanto The Millionaire Waltz é, como o título sugere, uma Valsa complexa, interessante e cheia de variações que culminam em uma passagem pesada, apesar de breve, no meio da música. You And I, a terceira composição de John Deacon em um álbum do Queen, traz o mesmo clima otimista de suas outras músicas, aliviando um pouco a sonoridade um tanto dark de A Day At The Races, recheado de grandes bases de piano em sua maior parte. Outra composição rica de Mercury e outro grande hit da banda, Somebody To Love apresenta um ótimo coro de vozes feito pelos integrantes que, ao lado da voz principal, se torna um dos melhores momentos do quinto álbum do Queen. A agressividade, pouco presente neste trabalho, volta com a fantástica White Man, de May. Apesar de seu calmo início, a composição logo se torna um Hard no melhor estilo 70’s Queen e chega a lembrar The Prophet’s Song (também composta por May) em alguns momentos. Sem dúvida, um dos destaques. A melhor contribuição de Mercury como compositor neste álbum é a divertida Good Old-Fashioned Lover Boy, com um ritmo empolgante e até mesmo dançante, servindo como um ótimo contraste à música anterior. Drowse é a típica composição escrita e cantada por Taylor, que passaria a contribuir com mais composições por álbum no próximo trabalho da banda. Ao contrário de faixas como I’m In Love With My Car e The Loser In The End, Drowse é menos agressiva e pesada, assim como Tenement Funster. A última canção é Teo Torriatte (Let Us Cling Together), outra balada interessante, porém com um atrativo diferencial: seu refrão é cantado parcialmente em Japonês, sendo algo único na carreira do Queen. Os momentos finais da faixa são exatamente o mesmo trecho da introdução do álbum que apresenta Tie Your Mother Down. Após o verdadeiro fim, chegamos à conclusão de que A Day At The Races, mesmo carecendo de maior peso, agressividade e inovação, tão presentes nos álbuns anteriores, é um ótimo álbum com grandes músicas do Rock N’ Roll.

NEWS OF THE WORLD (1977)
Em 1977, o movimento Punk estava em alta, com bandas pífias que odiavam tudo o que não conseguiam tocar. Somando a isto o fato de A Day At The Races ter sido taxado de “entediante” devido ao grande número de baladas e poucas músicas realmente pesadas, o Queen resolveu apresentar News Of The World com um som mais direto, pesado, simples e cru, além de tentar se manter no mainstream de outrora. Logo em seu início, somos apresentados com duas das canções mais mundialmente famosas em todos os tempos: We Will Rock You e We Are The Champions, sendo a primeira famosa pelo seu ritmo altamente grudento e inesquecível, composta por May, enquanto que a segunda, de Mercury, é uma balada com momentos pesados e um refrão igualmente marcante. As duas músicas são executadas à exaustão em estádios do mundo todo até hoje (We Will Rock You é mais voltada à torcida, enquanto We Are The Champions é um hino aos vencedores) e se tornaram os números finais da banda ao vivo, junto ao playback de God Save The Queen. Após estes dois grandes clássicos da história do Rock N’ Roll, temos a porrada Punk de Sheer Heart Attack, que começou a ser escrita na época do álbum homônimo, sendo a primeira composição de Roger Taylor com Mercury nos vocais principais, exceto os refrãos, cantados pelo baterista. A música foi escrita em resposta às bandas de Punk Rock da época e sua parte instrumental foi quase que inteiramente gravada por Taylor, com alguns trechos de guitarra gravados por May. Sheer Heart Attack é, provavelmente, a música mais violenta da discografia do Queen, e isso é ótimo. A primeira canção do álbum cantada por May (e executada ao piano pelo próprio, explicando a pouca presença da guitarra em uma composição sua) é a balada All Dead, All Dead, com a participação de Mercury nos backing vocals. Outra balada, dessa vez de autoria de Deacon, se segue. Trata-se da fantástica Spread Your Wings, a melhor música escrita pelo baixista nos anos 70. A este ponto, era inegável o talento do mesmo para a composição, que apresenta belos arranjos e um ótimo solo de guitarra em seus momentos finais. Fight From The Inside é a segunda e última canção de Taylor no álbum. Desta vez, sua voz áspera predomina em um Rock N’ Roll pesado e cadenciado. A segunda contribuição de Freddie Mercury em News Of The World é a alternativa Get Down, Make Love, com sua passagem psicodélica feita pela guitarra de May e por alguns efeitos possíveis graças a pedais especiais. Muita gente julgava se tratar de um sintetizador, algo que o Queen só viria a utilizar pela primeira vez em 1980. Sleeping On The Sidewalk é um Blues excelente cantado por May e foi, na verdade, gravada sem o consentimento da banda enquanto a ensaiavam. Who Needs You, a segunda composição de Deacon em News Of The World, é outra de suas canções mais descontraídas, contrastando com It’s Late, o melhor momento do álbum, que dura cerca de 6 minutos e meio. Escrita por May e cantada por Mercury, It’s Late é uma balada pesada de Hard Rock sobre um amor que não deu certo e é irretocável em todas as suas maravilhosas passagens. Infelizmente, nunca pude conferir uma gravação ao vivo desta música, seja de áudio ou audiovisual, para saber se a mesma soa com o peso e feeling semelhantes aos da versão encontrada no álbum. Para encerrar, temos a bela e triste My Melancholy Blues que, na verdade, é mais semelhante a um Jazz, composta por Mercury. Vale destacar que, em News Of The World, sua contribuição como compositor foi bem menor que nos álbuns anteriores, cedendo mais espaço para Deacon e Taylor, que contribuíram com duas composições cada um, pela primeira vez. Tal fato se evidenciaria ainda mais em álbuns posteriores. Enfim, mais uma grande contribuição do Queen para a história da Música.

JAZZ (1978)
Da mesma forma que A Day At The Races tinha complexidade, carecia de agressividade. News Of The World foi exatamente o contrário. O Queen parecia não conseguir mais mesclar as duas coisas em uma só, mas era apenas impressão. Foi com Jazz, o último álbum autenticamente Rock N’ Roll da banda, que esta volta triunfal aconteceu. Logo de cara, temos uma complexa e pesada música: Mustapha, que começa até bobinha e em volume baixo até o pau quebrar em alto e bom som quando as guitarras aparecem. A letra desta música consiste de palavras da língua Persa, reais ou improvisadas por Freddie Mercury, além de apenas uma frase compreensível em Inglês. (Esta canção era excessivamente cantada por mim para poder irritar à minha fêmea, que a odeia de paixão. Acontece que Mustapha é divertidíssima.) Fat Bottomed Girls traz o Queen em um de seus melhores momentos quando se trata do Rock excelente que fazia nesta época e é um dos destaques de Jazz. Para abaixar o nível de adrenalina, temos Jealousy, balada ao piano típica de Mercury, mestre no assunto. Nesta faixa, May usa, na verdade, um violão, e não uma cítara, como pode parecer. Dizem que ele colocou pedaços de cordas de piano próximos às cordas do violão, ou algo parecido, para criar o efeito. Uma das composições mais complicadas do álbum é Bicycle Race, com um ótimo trabalho de arranjos e vocais por parte da banda. Descontraída em alguns momentos, pesada em outros. If You Can’t Beat Them é escrita por Deacon e traz pitadas de Pop Rock, que seria bastante abordado no álbum seguinte, e se mostra uma música bem contagiante. Outro grande momento do álbum é a fantástica Let Me Entertain You, autêntico Rock escrito por Mercury para o público do Queen. A letra faz várias referências à carreira da banda. Dead On Time é uma das músicas mais intrincadas, velozes e intensas da discografia do Queen, com um riff de guitarra muito interessante, e chega até a lembrar o álbum Sheer Heart Attack. Mais Rock N’ Roll, impossível. In Only Seven Days é uma balada muito bonita cantada por Mercury e escrita por Deacon, cada vez melhor na função. A divertida Dreamer’s Ball tem a impressão de ser uma música antiga tocada em bailes de formatura nos anos 50, como sugere seu título. A canção é uma homenagem de May a Elvis Presley, que havia morrido no ano anterior. Fun It é a música mais deslocada, porém não menos legal, em Jazz. Composta por Taylor e cantada por ele e por Mercury, Fun It tem fortes doses de Funk e Pop, sendo a perfeita demonstração da sonoridade que o Queen seguiria nos anos 80. Todas as percussões da música foram feitas por Taylor em sua bateria com o auxílio de peles e pedais especiais, e não em uma bateria eletrônica, como pode parecer. Um momento interessante e diferente do álbum. Leaving Home Ain’t Easy é a única canção de May cantada por ele em Jazz e é mais uma de suas baladas guiadas por violão, sem tanta carga emocional, perfeita para se escutar no frio, deitado na cama e abraçado com a fêmea. O final da carreira do Queen como uma banda 100% Rock N’ Roll se aproxima com a perfeita Don’t Stop Me Now, de um Freddie Mercury inspiradíssimo (algo que faltava em News Of The World), que empolga pelo seu ritmo rápido e letra viajante. Brian May pouco faz nesta canção, gravando apenas seu breve solo e alguns backing vocals. Com certeza, a canção foi criada para ter o piano como destaque e o baixo e bateria como a cozinha básica em qualquer banda de Rock. Jazz se encerra com outra composição diferente de Taylor, também cantada por ele, chamada More Of That Jazz que, de Jazz, o estilo musical, não possui absolutamente nada. A faixa é um Hard Rock bastante cadenciado e traz grandes agudos vocais por parte do baterista, além de breves passagens de várias canções presentes no álbum em seus momentos finais. Com isso, o excelente e diversificado Jazz se encerrava.

Infelizmente, algo mais se encerrava na história da banda: sua sonoridade puramente Rock N’ Roll. O fim desta fase foi marcado pelo ótimo álbum duplo ao vivo Live Killers, de 1979, gravado durante a turnê de divulgação de Jazz, resumindo toda a carreira do Queen até então (o único álbum que, lamentavelmente, ficou de fora do repertório final foi Queen II). A boa notícia é que, mesmo mudando bastante sua sonoridade de uma década para a outra, o Queen quase nunca esteve próximo à falta de inspiração (talvez em um ou outro momento, apenas), independentemente do som que estava disposto a fazer.

No Synthesisers!

4 comentários:

  1. Amei!!! Queen é tudo de bom e mais um pouco! A banda mais amada por mim! Beijos!!! Piu.

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  2. Que texto maravilhoso!! Concordo com tudo pois amo demais esses caras e sua genial musica. Aprecio também as carreiras solo do Roger,do Brian e claro a do Freddie. Pena que não são tão conhecidas... e tem cada música!! Não é a toa que eles chegaram até onde chegaram e ainda são respeitados e reverenciados pelo mundo a fora e ainda hoje,seus hits fazem sucesso. E continuam na ativa,(no caso do Brian e do Roger),não desistem da música. Agora é escrever sobre o queen dos anos 80 que não sei se essa fase é do seu agrado... Mas não esqueça do Queen + Paul Rodgers. É eu sei, que muitos não gostaram nem um pouco,mas o Rodgers, que não é o Freddie e nem nunca será,pra mim mandou bem. E o album de inéditas The cosmos rocks é muito bom sim,considerando o panorama musical de hoje em dia que muitas vezes não traz muita novidade e nem criatividade como nos velhos tempos do bom e velho Rock'n Roll.

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  3. kkkkk... ciumes, eu??? oO

    tah doidoooo??? xD

    I’m In Love With My Car me faz lembrar de momentos engraçados. Se eu vacilasse vc me trocava pelo cano d escape do Siena, uahauhauahuahuaha ^^ q tesão aquele carro, kkkkk

    ...agora, sobre o punk... eh bom uai, mas, Chega a ser sacanagem essa comparação... falta d tecnica total dos punks ^^ ...é barulho com 3 acordes mas c sabe q gosto =D (naum tanto qto Queen... não se deve comparar).

    Boooooooooooooooom...Queen dispensa comentários. Qm ousa falar mal faça melhor q pagarei pau. O tamanho desse post tbm dispensa qq comentário oO

    ...afff... cansei, hehe xD

    Só uma coisinha... nem devolvo seu cd não :P
    Queen rocks agora é meoooooo. Vc me deu, oras :P
    Esqce q tah com meus dvds do Alice in chains?!!! ESpertinho :P ............

    bjooooooooooooooooooooooo

    ps1: li td, tah?! ^^
    ...mas q deu preguicinha, deu =D =D =D

    ps2: gostei desse comentário a cima

    ps3: agora aguardo o post sobre a fase pop do Queen o//


    =*

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