domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Música: Parte II

Sem dúvida, a década de 2000 vai ficar na minha memória como um momento marcante da minha vida, especialmente da minha adolescência. Foi incrível o quanto estes últimos 10 anos passaram rápido, e o quanto eu mudei em todo esse tempo (tempo esse que, na verdade, nem chega a ser muito). Lembro-me que, antigamente, não conseguia fazer amizades em lugar nenhum e todo mundo me achava um idiota, principalmente na escola. Atualmente, boas amizades não me faltam, não importa o lugar, e acabo dando risadas sobre como tudo era antes. Pessoas vieram e se foram. Lugares idem. Alguns amigos não estão mais aqui. De fato, a única certeza da vida. Procuro sempre ficar feliz por eles, pois certamente estão melhores lá em cima do que nós aqui em baixo. Se, em uma postagem anterior, me referi a músicas importantes para mim, quase que uma trilha-sonora da minha vida, dessa vez o assunto são os 10 álbuns lançados na década passada que mais me marcaram. É claro que alguns muito bons ficaram de fora (não posso deixar de citar o carinho que tenho por Rebirth, do Angra, e Ritual, do Shaman, que marcaram bastante o estágio mais evoluído da minha adolescência), mas, se fossem todos adicionados, eu não teria paciência para escrever e ninguém teria paciência para ler.

Armored SaintRevelation (2000)
O Armored Saint foi uma banda na qual só cheguei a conhecer porque foi a primeira do vocalista John Bush, e eu sempre admirei os vocais dele no Anthrax. Revelation saiu durante um período de inatividade do Anthrax, quando este lançava grandes álbuns que não conseguiam emplacar. Isso possibilitou Bush a reunir seus antigos amigos para o primeiro álbum desde o clássico Symbol Of Salvation, lançado em 1991. Revelation, cheio de músicas Heavy empolgantes, criativas e originais, não dá sinal algum de que a banda realmente tenha ficado quase 10 anos sem tocar junta. O grande destaque é, sem sombra de dúvidas, a música No Me Digas, toda cantada em espanhol e com grandes pitadas de música flamenca. Curiosamente, ela saiu apenas como uma bonus track do álbum em alguns países, sendo que em outros nem foi incluída. Den Of Thieves poderia perfeitamente fazer parte de Symbol Of Salvation. Upon My Departure traz um som acústico em sua primeira parte que lembra bastante algumas baladas do Led Zeppelin. Outras como Pay Dirt, Tension, Control Issues e, principalmente, What’s Your Pleasure, dão o tom mais intenso do álbum, feito para ser apreciado no último volume. Revelation foi o quinto e, por enquanto, último álbum da banda, e não deve nada aos antológicos March Of The Saint, Delirious Nomad (este altamente injustiçado pela leve mudança de direção temática e instrumental e até mesmo pela capa), Raising Fear (meu preferido, e o último com o excelente guitarrista Dave Prichard, que morreu de leucemia 3 anos após seu lançamento) e o já citado Symbol Of Salvation. La Raza, o sucessor de Revelation, está agendado para lançamento em 2010.

Iron MaidenBrave New World (2000)
O Iron Maiden surgiu em minha vida em 2001. Na época do Rock In Rio III, fui convidado a ir ao show, mas não tinha dinheiro para tal e nem fiz muita questão porque nem conhecia a banda ainda. No natal daquele mesmo ano, ganhei de presente (de uma pessoa que odeia qualquer forma de Rock pesado, diga-se de passagem) o Brave New World, e gostei logo de cara. Foi talvez o primeiro álbum no qual gostei mais da segunda metade do que da primeira. Talvez da primeira, eu realmente goste apenas das porradas The Wicker Man e Ghost Of The Navigator. A segunda conta com Dream Of Mirrors, The Nomad, Out Of The Silent Planet e The Thin Line Between Love & Hate, sendo que somente The Fallen Angel não me agrada muito. As demais músicas mencionadas chamaram tanto minha atenção que procurei por outros álbuns. De fato, todos os lançados nos anos 80 são excelentes e trazem uma energia bem maior do que este em questão. Após aquela década, creio que os únicos dignos de nota são The X Factor (o álbum mais diferente, injustiçado e, por isso, interessante) e Brave New World. O fato é que este último marcou uma época da minha vida e foi tocado incessantemente durante 2002 e 2003. As músicas mais longas possuem excelentes passagens instrumentais, como em The Nomad e The Thin Line Between Love & Hate, sendo esta última a melhor do álbum. O conjunto da obra me surpreendeu bastante, ainda que Iron Maiden não seja uma das minhas bandas preferidas. Os álbuns seguintes a esse foram apenas cópias inferiores.

AudioslaveAudioslave (2002)
Belo Horizonte, Fevereiro de 2003. Diziam que o som lembrava o Led Zeppelin. Na verdade, não encontrei absolutamente nada de Led Zeppelin no som do Audioslave, exceto o experimentalismo. Tom Morello (guitarrista), Tim Commerford (baixista) e Brad Wilk (baterista) são caras que realmente sabem o que fazer com seus instrumentos, extraindo sons tão pouco convencionais que dificilmente se pode acreditar que nenhum artifício de estúdio tenha sido adicionado em seus álbuns. Os três vieram do Rage Against The Machine e, o vocalista Chris Cornell, do Soundgarden. O curioso é que só descobri a origem dos músicos algum tempo depois. Até tentei absorver algo de suas bandas anteriores, mas não tive sucesso. RATM trazia uma fusão sem-graça de Rap/Metal. Soundgarden era um Stoner chato que nunca saía do lugar. O som do Audioslave, felizmente, era diferente. Era, ao mesmo tempo, pesado, leve, simples, complexo, alegre, triste, agressivo e melancólico. O primeiro álbum, auto-intitulado, ainda era fresco. Havia sido lançado há apenas 3 meses. Quando fui ouvi-lo pela primeira vez, fiquei impressionado pela brutalidade nos refrãos de Cochise, Show Me How To Live, Gasoline, What You Are e Set It Off. Até em algumas baladas percebe-se uma necessidade de incluir o peso, tornando o "drama" ainda maior, como em Shadow On The Sun e The Last Remaining Light. Esta última, inclusive, tem todo aquele climão de balada que encerra um álbum (até mesmo em seu título), executando a tarefa com perfeição. Em outras baladas, como as belíssimas I Am The Highway e Getaway Car, se mantém um clima mais nostálgico, sem muita presença do peso. O experimentalismo está presente em todas as faixas, mas dá o ar da graça mais abertamente em certas canções, sendo Hypnotize o melhor dos exemplos. Ao fim da primeira audição, já o havia considerado um álbum muito bom. O Audioslave lançou, posteriormente, dois outros ótimos álbuns, Out Of Exile e Revelations, e encerrou suas atividades. Foi a única banda que começou, lançou grandes álbuns e terminou durante a década de 2000 digna de futuras recordações.

AnthraxWe’ve Come For You All (2003)
We’ve Come For You All foi o primeiro álbum do Anthrax que ouvi e, se não fosse por ele, talvez nunca teria tido um contato verdadeiro com a banda. O fato é que os álbuns da fase Thrash, com Neil Turbin e Joey Belladonna nos vocais, são um tanto quanto sem-graça, salvas raras exceções, como Spreading The Disease e Persistence Of Time. Para mim, o Anthrax só era uma das melhores bandas do mundo com John Bush, um cara com uma voz bem mais legal e menos irritante do que seus antecessores, além de compor as letras ao lado do guitarrista Scott Ian, coisa que os outros vocalistas nem sequer faziam. Com ele, surgiram quatro dos meus álbuns preferidos em todos os tempos, e o melhor é que todos eram bem diferentes entre si. O primeiro, Sound Of White Noise, foi um distanciamento abrupto do Thrash praticado outrora, mostrando a banda tentando se adaptar ao mercado fonográfico do início dos anos 90, capitaneado pelo Grunge. O resultado foi um som mais pesado e lento, com uma temática bem mais séria. É dele a música Only, que se tornou o maior sucesso comercial da banda. O segundo álbum, Stomp 442, apresentava a banda como um quarteto, devido à saída do guitarrista Dan Spitz durante as composições, e mostra um som mais rápido, empolgante e moderno que o anterior. Volume 8: The Threat Is Real foi o álbum mais diferente do Anthrax. Ele chega a lembrar o Sound Of White Noise em alguns momentos, porém com um investimento em arranjos mais simples e com menos solos de guitarra, o que fez muita gente perder totalmente o gosto pelo Anthrax, algo que havia iniciado já no lançamento de Stomp 442. Quanta injustiça! Depois de 4 anos de inatividade, a banda voltou a ser um quinteto com o novo guitarrista Rob Caggiano e lançaram o energético We’ve Come For You All, uma porrada na cara do início ao fim, abrangendo os sons de todas as fases da banda. Músicas como What Doesn’t Die, Safe Home, Any Place But Here, Cadillac Rock Box e Think About An End figuram entre as melhores da carreira da banda. Infelizmente, este foi o único álbum do Anthrax a sair na década de 2000. Felizmente, foi o seu melhor.

Lake Of TearsBlack Brick Road (2004)
A história de como eu conheci o Lake Of Tears vocês já sabem. São 7 álbuns tão diferentes entre si que é impossível definir o som deles. A princípio, faziam algo na linha do Doom, flertando até mesmo com Death Metal em certos momentos. Depois passaram a incorporar elementos psicodélicos ao som. O quarto álbum, Forever Autumn, chega a lembrar o Pink Floyd em diversas músicas, como The Homecoming, To Blossom Blue e a faixa-título. As guitarras pesadas, inclusive, foram quase que deixadas de lado para poder criar todo aquele clima de melancolia, presente até mesmo na capa. The Neonai, o álbum seguinte, marcava um certo retorno àquelas guitarras de outrora, mas foi com Black Brick Road que todo o peso, criatividade e energia de álbuns como Headstones e A Crimson Cosmos, grandes clássicos da banda, realmente ressurgiram de vez. Outro grande atrativo do álbum é o excelente uso de órgãos, um som que me agrada bastante. The Greymen e Making Evenings, faixas de abertura, já trazem logo de cara o som contagiante não praticado há tempos. A faixa-título, ainda que cadenciada, não chega a ser uma balada, e é dominada por órgãos, dando o clima necessário. Dystopia conta com excelentes backing vocals femininos e possui, talvez, o melhor refrão do álbum, além de ser uma das mais contagiantes. The Organ é a primeira balada verdadeira do álbum e traz um grande feeling por parte dos vocais de Daniel Brennare e dos solos de guitarra. A Trip With The Moon tem outro dos melhores refrãos e trabalhos de teclado. Vale lembrar que estes teclados em nada lembram aqueles "felizinhos" e, às vezes, irritantes do Metal melódico. Sister Sinister traz um ritmo mais cadenciado e até mesmo dançante. Aqui o vocal feminino é o principal, com Brennare fazendo os backing vocals. Rainy Day Away é a segunda e última balada do disco, apresentando outro refrão marcante, algo forte neste álbum. O encerramento de obra se dá com Crazyman, um Heavy Metal absoluto dominado por guitarras agressivas e vocais desesperados, algo que nem certas bandas do estilo conseguem fazer direito. Após ouvir o álbum, o único erro que se pode encontrar em Black Brick Road é a sua curta duração, com apenas 39 minutos divididos em excelentes 9 músicas, que merecem ser comentadas uma a uma. Indispensável para quem curte sons como Gothic e Doom (o que não é meu caso) ou, simplesmente, boa música. Moons And Mushrooms, de 2007, é o sucessor natural de Black Brick Road e também merece ser conferido.

SepulturaDante XXI (2006)
Meu primeiro contato com o Sepultura foi o álbum Chaos A.D. e, como o próprio Andreas Kisser me disse após ver um show da banda em Dallas, eu comecei muito bem. O álbum era fenomenal, e isso me fez querer conhecer mais da banda. Quando parei para ouvir os álbuns seguintes, gostei, mas não fiquei muito empolgado. Eu achava que o Sepultura nunca mais iria lançar um álbum ao nível dos grandes Schizophrenia, Beneath The Remains, Arise e o já citado Chaos A.D. Isto é, até ouvir Dante XXI, lançado em 2006. É nele que se encontra a dobradinha Limbo/Ostia (comentada antes neste blog) e a energia que faltava nos últimos trabalhos da banda. Todos os músicos deram o melhor de si para este álbum. Desde a loucura total presente no ínicio de Dante XXI, com as músicas Lost, Dark Wood Of Error e Convicted In Life (esta última se transformando no melhor vídeo clip da banda), passando por músicas “menos agressivas” como Fighting On, Limbo/Ostia e Nuclear Seven e até orquestradas, como a experimental Still Flame, o álbum se mostra a trilha sonora perfeita para o livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Eu gostei tanto de Dante XXI, algo que não esperava que fosse acontecer, que até resolvi dar outra chance aos álbuns anteriores a esse. Hoje, continuo não sendo fã de Roots e Nation (nem de Bestial Devastation e Morbid Visions, do início de carreira), mas adoro Against e Roorback. Quando A-Lex estava prestes a sair, em 2009, a convicção de que seria um grande álbum era enorme, e não fiquei decepcionado. Afinal, como não gostar quando minha banda preferida faz um álbum focado no meu filme preferido e no livro que deu origem a ele? Dante XXI e A-Lex estão exatamente no mesmo nível dos álbuns clássicos do Sepultura, e a única diferença entre os dois é que o primeiro me pegou de surpresa e, o segundo, não.

Sebastian BachAngel Down (2007)
O Skid Row, em sua formação original, lançou 3 álbuns. O primeiro, Skid Row, de 1989, apresentou uma banda de Hard Rock farofa, apelando para hits como I Remember You e 18 And Life para fazer sucesso na Mtv e nas rádios. O segundo, Slave To The Grind, de 1991, mostrava uma banda muito mais madura, fazendo um som bem mais Heavy que seu antecessor, e até mesmo as baladas não se permitiam falar sobre romance (Wasted Time, por exemplo, fala sobre uma pessoa viciada em drogas, principalmente heroína). O terceiro, Subhuman Race, de 1995, foi uma tentativa da banda de se adaptar ao maldito mercado do Grunge. O som se tornou ainda mais pesado, progressivo e elaborado que seu antecessor. O resultado final do produto não poderia ser melhor. Mas, infelizmente, quase ninguém gostou, nem mesmo a própria banda. No ano seguinte, o vocalista Sebastian Bach deixa o Skid Row e parte para uma carreira solo sem-graça, lançando Bring ‘Em Bach Alive! (cinco músicas de estúdio inéditas e o resto ao vivo, sendo quase todas estas do Skid Row) e Bach 2: Basics (apenas covers). Isto é, até Angel Down ver a luz do dia. O álbum é estupidamente ainda mais pesado do que Slave To The Grind e Subhuman Race, e está muito mais para o som do Skid Row original do que o que o próprio Skid Row atual vem fazendo (uma mistura de Hard com Punk encontrada nos bons álbuns Thickskin, de 2003, e Revolutions Per Minute, de 2006). Angel Down é uma aula para bandas como Slipknot e Korn de como se fazer um som pesadíssimo de qualidade. O álbum chamou a atenção à época de seu lançamento por contar com vocais de Axl Rose em três canções, sendo elas Back In The Saddle (cover do Aerosmith), (Love Is) A Bitchslap e Stuck Inside, mas, independente disso, se mantém por conta própria. Baladas no estilo das que consagraram sua antiga banda estão presentes, com a melosa By Your Side e a diferente Falling Into You. Com exceção destas duas, o resto é porrada atrás de porrada. Perfeito para incomodar os membros de sua família enquanto estes tentam ter um almoço sossegado ou fazer seu vizinho bater na sua porta às três da manhã reclamando por não conseguir dormir.

Guns N’ RosesChinese Democracy (2008)
Quando a turnê dos álbuns Use Your Illusion acabou, ao fim de 1993, foi lançado um álbum exclusivamente de covers chamado “The Spaghetti Incident?”. Em 1994, foi gravado um cover de Sympathy For The Devil (infinitamente superior à original, devo dizer), dos Rolling Stones, para o filme Interview With The Vampire, produzido pela própria Geffen, gravadora da banda. Não se tinham mais notícias sobre um novo álbum, exceto que Axl Rose queria modernizar o som da banda, sendo muito influenciado pelo som do Nine Inch Nails na época. O que seguiu foi a debandada de Slash e, algum tempo depois, de Duff McKagan, dois dos membros originais remanescentes da banda. Muitos anos se passaram, o nome do novo álbum foi anunciado, as expectativas foram aumentando, uma música (Oh My God, da trilha sonora do filme End Of Days) foi lançada, mais anos se passaram, e só. Inúmeros shows foram feitos com músicas novas, e nada de álbum. Muitos já haviam perdido a esperança. Após 14 anos de composição e gravação por parte da banda e espera por parte dos fãs, em Novembro de 2008 Chinese Democracy foi finalmente lançado. É claro que ninguém esperava nada à altura do clássico absoluto Appetite For Destruction, e mesmo assim muita gente deu as costas. A verdade é que Chinese Democracy deve ser encarado como um trabalho solo de Axl Rose, não do GN’R. São 14 músicas muito bem compostas e bastante diferentes entre si (o que é sempre bom), e não duvido que o que garantiu isso foi o grande rodízio de músicos que passaram pela banda durante as intermináveis gravações. Por mais que todas as músicas sejam ótimas, o único ponto negativo de Chinese Democracy é que a grande maioria delas é composta de baladas, carecendo de mais “Rock paulera” como a faixa-título, Riad N’ The Bedouins e a moderna Shackler’s Revenge. Sem dúvida, Better, como o próprio nome indica, é a melhor do álbum e uma das melhores da banda. Madagascar e Street Of Dreams (antes conhecida como The Blues) me fizeram lembrar do Rock In Rio III, que foi quando comecei a ouvir a banda. Prostitute, apesar de ter um nome típico de um Hard, nada mais é do que uma bela balada pesada e melancólica, uma ótima forma de encerrar o épico álbum. Não dá pra dizer se a longa espera valeu a pena, nem imaginar com seria o álbum se tivesse sido lançado ainda nos anos 90, mas uma coisa é certa: Axl Rose pode ser um tremendo babaca mas, picareta enquanto artista, jamais.

MegadethEndgame (2009)
Conheci o Megadeth através do Youthanasia em 2003, quando a banda estava inativa, e passei bastante tempo escutando toda a discografia lançada até então. Realmente The World Needs A Hero não era um álbum digno para encerrar a carreira de uma banda que lançou tantos clássicos do Metal. Em 2004, Dave Mustaine, o eterno líder do Megadeth, anunciou o retorno da banda para um álbum final. No mesmo ano foi lançado o excelente The System Has Failed, superando com folga as minhas expectativas, que eram enormes. Depois de uma bem-sucedida turnê, a banda anunciou que iria continuar e fiquei ainda mais empolgado. Porém, quando United Abominations foi lançado, em 2007, não tive nem de longe a mesma empolgação depois de algumas audições. Achei que havia me cansado do Megadeth. Felizmente estava enganado. Ao ouvir Endgame pela primeira vez, era como se eu tivesse regredido à época na qual escutava a banda todos os dias, nos meus 17, 18 anos de idade. Dave Mustaine é O Cara! Ele tem uma criatividade aparentemente inesgotável, mesmo após tantos anos, não importando a formação que esteja ao seu lado. Quando o álbum começa, com a dobradinha Dialectic Chaos/This Day We Fight!, é realmente impossível não se lembrar de Into The Lungs Of Hell/Set The World Afire, dobradinha inicial do clássico So Far, So Good... So What!, sendo a primeira música um instrumental guitarrístico e, a segunda, um tapa no ouvido. Em Endgame, encontra-se um equilíbrio perfeito entre o Thrash irriquieto de músicas como Head Crusher e 1,320 com músicas mais cadenciadas do tipo The Hardest Part Of Letting Go... Sealed With A Kiss e 44 Minutes, e é incrível a altíssima qualidade do álbum desde a primeira até a última faixa. No fim das contas, percebi que United Abominations é, de fato, um álbum mediano e por isso não dei tanta importância a ele.

Alice In ChainsBlack Gives Way To Blue (2009)
Quem já ouviu os primórdios do Alice In Chains sabe o quanto a banda mudou de sonoridade no decorrer dos anos. No início, era uma banda de Hard Rock com músicas empolgantes e até mesmo felizes. Logo em seu primeiro álbum, Facelift, já davam indícios de que aquela felicidade não iria perdurar. O Hard Rock continuava lá, mas algumas músicas como Love, Hate, Love e Confusion confirmavam isso. Em Dirt, o som foi muito mais focado em Heavy Metal e quase já não havia felicidade alguma. Músicas como Sickman, Junkhead e God Smack sugeriam abuso de drogas por parte da banda, enquanto Down In A Hole indicava seu estado de espírito. O terceiro álbum, chamado apenas de Alice In Chains, trazia um som bastante cru e alternativo, ainda que Heavy Metal, e não se permitia felicidade em momento algum. Alguns dos sucessos do álbum foram cantados por Jerry Cantrell, o guitarrista. Vários boatos davam conta de que o vocalista principal, Layne Staley, estava dominado pela heroína e, no fim, quando a banda anunciou que não iria excursionar para promover o álbum, tiveram fundamento. Duas músicas inéditas foram gravadas para a coletânea Music Bank, lançada em 1999, e a banda entrou em inatividade total. Staley morre em 2002. Em 2005, o Alice In Chains volta aos palcos e, no ano seguinte, anuncia William DuVall como substituto de Staley. Após 14 anos, um novo álbum via a luz do dia. Black Gives Way To Blue apresentou um elo perfeito entre Dirt e Alice In Chains, já que a mudança na sonoridade de um para o outro foi gritante. A primeira faixa, All Secrets Known, fala sobre “um novo começo”. Check My Brain, Last Of My Kind e A Looking In View trazem o peso habitual da banda. Your Decision e When The Sun Rose Again são faixas semi-acústicas que remetem aos EPs Sap e Jar Of Flies, além do antológico Mtv Unplugged. Acid Bubble tem uma das melhores harmonias vocais da história do AIC e, Private Hell, um dos melhores refrãos. A faixa-título encerra o álbum e é uma homenagem de Cantrell para Staley, com piano executado por Elton John, ídolo de Cantrell. O último grande álbum da década. Minha única dúvida é se Jerry Cantrell, o baterista Sean Kinney e o baixista Mike Inez estavam só esperando Staley morrer para voltar à ativa. Afinal, se ele ainda estivesse vivo, com certeza não estaria em condições de voltar à banda e os demais simplesmente não teriam coragem de substituí-lo.

Curiosidade:
Não é à toa que o ano de 2003 sempre é mencionado quando o assunto é Música. O fato é que, como mencionado anteriormente (quando falei sobre a música To Blossom Blue), durante o primeiro semestre daquele ano, passado em Belo Horizonte, eu conheci algumas bandas excelentes:
• Sepultura (com Chaos A.D.), Audioslave (com Audioslave), Dream Theater (com Metropolis Pt. 2: Scenes From A Memory) e Van Halen (com Best Of: Volume I) através de um amigo da família que se hospedava em casa quando tinha coisas a resolver na cidade;
• Stratovarius (com The Chosen Ones) através de um colega de escola (o dude Diego “Capeta” “Codorna”);
• Viper (com o CD “2 em 1” Theatre Of Fate/Soldiers Of Sunrise) através da Galeria Do Rock;
• Megadeth (com Youthanasia) através de uma barraca de CDs piratas (2 por R$5) em frente ao Minas Shopping. A capa criativa me chamou a atenção;
• Smashing Pumpkins (com Mellon Collie And The Infinite Sadness) através de uma tia, que adora a banda e me emprestou o CD para que eu pudesse conferir o som;
• Lake Of Tears (com uma coletânea caseira) através do já citado primo Lucas.
Não virei um grande fã de todas elas (apenas metade, talvez), mas nenhuma deixa de me lembrar daquela época com grande carinho e, no fim das contas, é o que realmente importa.

Um comentário:

  1. Mas comoasssiiim? Vc passou a gostar do Roorback??? :S

    Por mais q eu goste das músicas do Skid Row, pra mim qm não sabe fazer ao vivo, não sabe fazer direito e o Sebastian Bach é o perfeito exemplo. Ótimo performista e cantor d estúdio... mas nos palcos, ótimo 'playbackista'... bom, mesmo assim, continuo gostando das músicas non do 'músico'.

    Já o Alice in Chains... pena vc não ter me ouvido no começo do namoro qdo eu dizia q era bom. Só dpois d anos, por indicação d outros vc foi ter paciência pra conhecer... mas, fico feliz em saber q gostou tanto assim. Acho q hj, até mais do q eu ^^. É um som q tem mto d mim e da minha adolescencia :)

    Gostei do comentário sobre as mudanças na sua vida na última década. Coisas nos fazem crescer, momentos e pessoas tbm. E só devemos conservar ao nosso lado e em nossa vida qm nos faz crescer, o q nos fortalece... a música e o cinema te fazem forte ;)

    Amooooooooooooooooooooooooo-te dmais ;)

    bjim

    Aninha

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